O deputado federal Mário Heringer, presidente do PDT em Minas Gerais, avaliou que “PT e PL foram recusados pelos eleitores no 2º turno dessas eleições”. “Isso significa….”, publicou em uma rede social. Em conversa com a reportagem de O TEMPO, o parlamentar avaliou que as duas legendas têm travado uma disputa, para o eleitorado, de “quem é menos pior”. Ao final da apuração, o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro levou quatro capitais (Aracaju, Cuiabá, Maceió e Rio Branco), enquanto o PT vai governar apenas Fortaleza entre as capitais. 

“Na minha maneira de ver essa situação, o PL traz o estigma da direita radical, não que todos sejam, mas traz esse estigma. E ele tendo isso, ele sofre certa aversão pelo próprio cidadão de direita. Se você observar, quando é direita contra direita, o PL saiu perdendo. Isso iguala o PL ao PT não pelo radicalismo, mas pela desconstrução e pelo o que PT fez durante os governos que conseguiu se colocar como a maior força política que existe hoje, que é o antipetismo. Há uma competição de quem é menos pior, essas duas forças estão sendo rejeitadas, não tenho dúvida nenhuma disso. Não é que não vai existir direita e esquerda, as duas oposições estão sendo refutadas”, avaliou. 

Ainda segundo o deputado, o eleitorado tem preferido opções menos identitárias. Heringer se disse preocupado com o caminho que o país seguirá, uma vez que ele integra um grupo que opta pelo diálogo, composições e menos desgaste entre as pessoas que pensam diferente.  Heringer disse que não falaria em arrogância de PT e PL, mas que ambos os partidos estão perdidos no cenário atual e não percebem o momento que estão vivendo. “O PT ainda acredita em hegemonia, que está sumindo a cada dia. O bolsonarismo dentro do PL está se esfacelando, mas guarda uma força grande. Só que a divisão ficou clara em São Paulo por exemplo quando o Pablo Marçal estava no jogo. O PL não ganhou nenhuma capital grande”, disse. 

Ao avaliar os cenários das cidades onde as duas siglas disputaram, Heringer considerou que a briga virou pessoal e o resultado foi de pequena diferença. Tipo Fortaleza, Pelotas, vai ver que são tão apertadas porque os candidatos são recusados. Quando os dois disputam, o eleitor escolhe o menos pior para ele. Quando há o mínimo de diferença, o PSOL, por exemplo, em São Paulo, trouxe o desenho do PT. Teve o Lula, tinha o vice do PT, já o Ricardo Nunes ficou claro que nem Bolsonaro queria apoiá-lo, quem apoiou foi o Tarcísio, que é menos radical. A diferença ficou flagrante, aí sim ocupou espaço de vitória contra o PT. Em Aracaju, nosso candidato perdeu para o PL, o PDT perdeu essa eleição porque tem quase uma disputa direta, o PDT, no imaginário popular, é esquerda agarrado ao PT nesse estigma. Agora Pelotas ganhou o PT do PL, lá em Fortaleza, ganhou o PT, mas muito pouco”, citou. 

Mario Heringer voltou a criticar o PT que, em Belo Horizonte, optou por não fazer uma frente ampla progressista. O mandatário estadual do PDT considerou que os petistas queriam uma união em torno deles, não em torno das teses de esquerda. Ele considerou que o PDT saiu grande do pleito por não aceitar imposições e por mostrar que possui autonomia e autoridade para discutir a cidade. Nas palavras de Heringer, “partido que quer crescer tem que disputar eleição”.