BRASÍLIA — O candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, Pablo Marçal, se justificou neste sábado (5) a publicação de um laudo falso que atribui ao adversário Guilherme Boulos, do Psol, uma internação por uso de cocaína. "Eu recebi e publiquei. Não fui eu que dei o laudo. Eu só publiquei", disse à Folha de S. Paulo. "Eu, Pablo, na minha rede social foi postado. Eu não tenho nenhuma ligação com o laudo. Pode perguntar para o Tassio Renan, que é meu advogado, e checar", completou.
Marçal publicou nessa sexta-feira (4) um suposto laudo médico indicando que o adversário, Guilherme Boulos, teria usado cocaína e encaminhando-o a uma emergência psiquiátrica em 2021. A postagem foi removida do Instagram pela própria rede social; neste sábado, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) viu indícios de falsidade no documento e determinou a remoção também no YouTube e no TikTok. A Polícia Federal (PF) instaurou um inquérito neste sábado para investigar o laudo publicado por Pablo Marçal.
Boulos garante que o documento é falso, e seus advogados recorreram à Justiça Eleitoral e à Criminal pedindo as prisões de Marçal e do proprietário da clínica que aparece no suposto receituário médico. O candidato negou as acusações feitas pelo rival em uma live feita ainda à noite. Ele listou as irregularidades que, segundo ele, constam no suposto laudo.
Boulos indicou que o número do RG dele no receituário está errado e indicou que o dono da clínica é amigo de Marçal. Esse proprietário, aliás, foi condenado pela Justiça Federal no ano passado por falsificação de um diploma de medicina e de uma ata de colação de grau.
"Conseguimos levantar todos os fatos. Primeiro, o dono da clínica do documento que ele [Marçal] publica tem um vídeo com Pablo Marçal. É apoiador dele. Falsificou o documento usando o CRM de um médico que faleceu há dois anos, para que ninguém possa ser responsabilizado", disse Boulos.
O candidato do Psol também afirmou que distribuía cestas básicas em uma favela de São Paulo no dia em que supostamente teria sido internado na clínica do aliado de Marçal. Boulos, inclusive, publicou uma foto tirada no dia. "Chegou no limite. Estamos entrando agora à noite com pedido de prisão do Pablo Marçal na Justiça. Dele e do dono da clínica. Além de todas as medidas cabíveis na Justiça Eleitoral", completou. "Eles jogam com a mentira, sabem que vão ser desmentidos, mas a ideia é criar essa confusão", acrescentou.
Família de médico contesta laudo
O documento médico atribuindo a Boulos o uso de drogas contém a assinatura e o CRM do médico José Roberto de Souza, que morreu há dois anos. Neste sábado, a filha dela, a médica Aline Souza gravou um vídeo desmentindo que o pai tenha trabalhado na clínica que consta no laudo falso. "As coisas estão começando a ser apuradas. Mas, quero esclarecer aqui que o meu pai jamais trabalhou nesta clínica que foi divulgada", disse.
A O Globo, outra filha do médico, Carla Maria de Oliveira e Souza, afirmou que a assinatura no documento não é compatível com a do pai. "Ele [Marçal] só fala mentira. É um mentiroso patológico. É um criminoso, na verdade. Essa assinatura é mais falsa que ele próprio", afirmou.