Prestes a se filiar ao Republicanos e apoiando a pré-candidatura de Mauro Tramonte à Prefeitura de Belo Horizonte, Alexandre Kalil disse não ver problemas com a indicação de Luísa Barreto, ex-secretária do governo Romeu Zema e pré-candidata do Novo à PBH, como vice na chapa de Tramonte. A declaração foi dada nesta quarta-feira, durante entrevista à Band News FM de Belo Horizonte.
Nos bastidores, esperava-se que a filiação de Kalil ao partido fosse uma trava para as negociações entre Republicanos e Novo, devido aos desentendimentos do ex-prefeito de BH com Zema durante a campanha eleitoral de 2022. Naquela oportunidade, ambos concorreram ao governo de Minas, com vitória de Zema ainda no primeiro turno.
Apesar do passado de rusgas com o governador, Kalil fez elogios à Luísa Barreto, ex-secretária de Estado de Planejamento e Gestão de Zema. “Na minha opinião, é um ótimo nome. É técnica, e que, por circunstâncias, foi secretária do Zema e não minha”, disse o ex-prefeito.
“Isso foi conversado comigo e é engraçado que eles acharam que eu ia ter alguma coisa (contra a indicação). A Luísa Barreto é um grande quadro. Eu disputei uma eleição com o Zema, ele nunca me traiu, tivemos um embate nem tão duro, foi num nível que acho razoável. Não sou inimigo, sou adversário do governo, e isso não muda minha opinião sobre o governo dele. A Luísa está construindo uma chapa para cuidar da cidade com gente que quer cuidar da cidade”, concluiu o ex-prefeito.
As conversas do Republicanos com o Novo para a indicação de Luísa como vice tiveram início antes mesmo do anúncio da filiação de Kalil ao Republicanos. A confirmação da ex-secretária como vice de Tramonte aconteceu nesta quarta-feira (31/07).
Apoio a Tramonte e saída do PSD
Na última sexta-feira (26/07), o ex-prefeito de Belo Horizonte anunciou à Presidência nacional e estadual do PSD que estava deixando o partido para se filiar ao Republicanos e apoiar, oficialmente, a candidatura de Mauro Tramonte à Prefeitura de Belo Horizonte. O PSD tem como candidato o atual prefeito Fuad Noman, que era vice de Kalil e assumiu em 2022 quando ele deixou o cargo para concorrer ao governo.
Kalil tem o desejo que tentar, mais uma vez, o cargo de governador de Minas em 2026, e o Republicanos teria oferecido essa possibilidade a ele, além da presidência estadual do partido a partir de novembro. Sem ter a mesma garantia no PSD, ele teria se decidido pela mudança.
“A gente não sai de um partido de segunda para uma terça. Foi uma coisa provocada durante dois anos e culminou na minha filiação ao Republicanos e no apoio ao Mauro Tramonte. Eu passei para um partido que quis me acolher, de uma forma muito transparente com quem importa. Temos que lembrar que tem quase dois anos que eu estou sem fazer nada, esperando um sinal, alguma coisa que não aconteceu”, disse Kalil.
Segundo o ex-prefeito, sua saída do PSD não envolveu nenhuma briga e foi comunicada com tranquilidade durante um almoço com o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, o presidente estadual, Cássio Soares, e o presidente do Congresos Nacional, Rodrigo Pacheco. “Quem importa para mim sempre foi o presidente nacional, Gilberto Kassab. Tive uma conversa muito boa com o Rodrigo e o Cássio, que é o presidente estadual”, explicou.
Ainda segundo Kalil, sua decisão de apoiar Tramonte teria relação a uma promessa feita pelo deputado estadual de que chamaria dois ex-secretários de Kalil para voltar à prefeitura: Jackson Machado, da Saúde, Ângela Dalben, da Educação.
“São dois técnicos, ex-secretários meus. Eu não tenho dúvida que fazem parte da história dessa cidade como os melhores secretários que já passaram por aqui. Quando o cara fala que quer entregar duas secretarias dessas para esses dois técnicos, e a ideia foi dele, isso me anima muito e pesou muito na minha decisão de apoiar o Tramonte. Se o cara está querendo técnicos dentro da prefeitura, e algo que foi muito bom no meu governo, não há por que achar que algo vai dar errado”, pontuou o ex-prefeito.
Kalil, que apoiou a eleição do presidente Lula em 2022, também falou sobre o que é visto por muitos como uma contradição, ao se filiar ao Republicanos, partido que conta com bolsonaristas de primeira ordem. Segundo o ex-prefeito, sua nova legenda é de centro, assim como a antiga, e possui quadros próximos tanto de Lula (PT) quanto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Temos que lembrar que o Tarcísio, que é governador de São Paulo e do Republicanos, tem como principal secretário o Kassab, presidente nacional do PSD”.
Racha com Alexandre Silveira
Perguntado sobre sua relação com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), que criticou Kalil após a troca de partido ser confirmada, o ex-prefeito o chamou de figura de 'menor importância' . “Estou precisando do governador falar mal de mim, do presidente, de um senador, do presidente do Congresso. Eu ando numa maré ruim; quando é jornalista, é comprado, quando é outro, é alguém de menor importância que ficou pior que eu. Eu respondo às figuras proeminentes, ao Cássio (Soares), ao presidente nacional (Gilberto Kassab) e ao Rodrigo (Pacheco), com quem tenho uma relação muito boa. Eu não estou numa fase boa, porque o que está vindo não dá para responder. Eu quero nesse assunto 100 anos de sigilo”.
Kalil negou, ainda, que recebesse um salário de R$ 60 mil no PSD: “Isso é uma calúnia, falar que eu recebi alguma coisa de alguém na minha vida sem ser salário de prefeito. Isso é tão baixo. Primeiro que, por R$ 60 mil, ninguém me compra, sou mais caro. Se fosse R$ 600 mil, eu ia debater com vocês. O vagabundo que espalhou isso vai para o tribunal”, disparou.