BRASÍLIA - O candidato à prefeitura de Goiânia Fred Rodrigues (PL) é alvo de uma série de críticas e, agora, uma queixa de crime na Polícia Federal (PF), por dizer que é formado em direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Goiás. A informação constava, inclusive, no portal da Justiça Eleitoral. Só que a instituição de ensino superior negou na terça-feira (22) ter expedido o diploma dele. 

No dia seguinte, a Superintendência da PF em Goiás recebeu uma notícia-crime contra Fred por falsidade ideológica por mentir à Justiça Eleitoral ao afirmar ser bacharel em direito. A denúncia foi protocolada pela coligação União por Goiânia, do candidato adversário Sandro Mabel (União Brasil) com base no artigo 350 do Código Eleitoral, que diz que é crime inserir dados falsos no sistema eleitoral para disputa de campanha política.

A campanha em Goiânia expôs um racha entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoia Fred Rodrigues, e o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), principal cabo eleitoral de Sandro Mabel. Em evento de campanha, Caiado disse que Fred “mentiu sobre ser bacharel em direito”. O governador afirmou ainda que o adversário poderia ser enquadrado no crime de falsidade ideológica.

A informação falsa sobre o diploma de direito foi explorada por Mabel em debate entre os candidatos promovido pelo jornal O Popular, na quarta-feira. Fred alegou que sua equipe havia errado no momento de registrar essa informação e que pediria a correção na Justiça Eleitoral. No fim da tarde. A assessoria dele informou que o Tribunal Regional Eleitoral acatou o pedido dele para alterar o registro de escolaridade no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O candidato a prefeito pelo PL pediu a alteração do grau de escolaridade para superior incompleto no registro de candidatura. Na quarta, Fred fez post nas redes sociais dizendo que seus adversários estavam desesperados e afirmou que tinha concluído o curso de direito. No vídeo publicado no Instagram e intitulado “Cadê o diploma do Fred”, ele mostra uma das duas páginas da avaliação curricular da PUC-GO com as disciplinas em que foi aprovado.

O Ministério Público Eleitoral pediu à PUC-GO que apresentasse informações sobre o fato e a universidade respondeu que Fred nunca terminou o curso de direito e que a matrícula dele foi desativada em 2013. Segundo a universidade, Fred ingressou no curso de direito em 2004, transferido de outra faculdade particular. Ele não concluiu a grade do curso porque faltaram 200 horas complementares, que são obrigatórias.

A PUC-GO reiterou que nunca expediu diploma de curso superior em direito para Fred Rodrigues e que ele não colou grau em direito nem pediu transferência para outra instituição de ensino superior. Assim como fez em redes sociais, Fred havia dito em entrevistas a veículos de Goiás que era formado em direito pela PUC-GO. Repetiu isso no debate promovido pela TV Record em 19 de outubro. No plano de governo do candidato, também consta a informação.

Cargo na Assembleia Legislativa de Goiás

Com a mesma informação, Fred Rodrigues ocupou um cargo na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) que exigia nível superior completo. Fred declarou que tinha se formado em direito na PUC em 2010.

Ele assumiu o cargo de diretor de promoção de mídias sociais na Alego, informando que era formado em direito, após ter o mandato de deputado estadual cassado. Fred foi nomeado pelo presidente da Alego, o deputado Bruno Peixoto (União Brasil). 

Em entrevista à repórter Fabiana Puccinelli, do Jornal Popular, Bruno Peixoto disse que encaminhou o caso à Procuradoria-Geral da Assembleia para apurar as providências legais.

Fred, que tem 39 anos, foi deputado estadual por menos de um ano e acabou cassado pela Justiça Eleitoral em 2023 por irregularidades na prestação de contas de sua fracassada disputa para vereador em 2020.

Ao fim da primeira fase da corrida eleitoral em Goiânia, Fred Rodrigues, que havia começado em quarto lugar nas pesquisas de diferentes institutos, foi o mais votado, com 31,14% dos votos válidos. Já o empresário Sandro Mabel, ficou em segundo na votação – teve 27,66%. 

A participação de Bolsonaro nos atos de campanha de Fred nas duas últimas semanas do primeiro turno foi essencial para a subida do candidato, então desconhecido por grande parte da população.