BRASÍLIA - A sabatina do empresário Pablo Marçal, candidato derrotado no primeiro turno em São Paulo, com o deputado federal Guilherme Boulos (Psol), que disputa o segundo turno, começou com atmosfera tensa e expressões fechadas. Mas ao longo de quase uma hora de conversa, o clima ficou amistoso, com risos e provocações ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que recusou o convite.

Nas primeiras perguntas, o influencer tocou em temas caros ao seu eleitorado, como o empreendedorismo, perguntando ao psolista se ele acredita que a atividade “liberta as pessoas”.

“Eu concordo que as pessoas que sigam esse caminho precisam ser valorizadas, pelo Estado e pela prefeitura. Converso com vários microempreendedores da periferia e a prefeitura hoje só aparece para cobrar boleto”, respondeu Boulos, que prometeu criar uma agência municipal de crédito e um programa para incentivar mulheres empreendedoras.

Outro “desafio” de Marçal a Boulos foi citar maneiras de aumentar a receita do Estado sem aumentar impostos e taxas. O deputado mencionou cobrança de dívidas com a prefeitura, melhoria da qualidade do gasto público e “não desviar dinheiro público”, respostas que não deixaram o entrevistador satisfeito.

Invasões e comunismo

Pablo Marçal questionou se Boulos, caso eleito, vai “acabar com as invasões”, referindo-se a ações feitas por movimentos como o MTST, do qual o deputado fez parte.

“O movimento social só faz ocupação de terreno abandonado quando não tem política habitacional. Vou fazer o maior programa de habitação da história de São Paulo”, afirmou o candidato do Psol.

Na reta final, Boulos foi perguntado sobre o que ele acredita ser o comunismo “Eu acredito em uma sociedade com oportunidade igual para todos. Não quer dizer que todo mundo vai chegar no mesmo lugar, mas que seja oferecida a mesma oportunidade para quem mora em Paraisópolis e no Morumbi", disse, sem citar a palavra comunismo.

Críticas e telefonema a Nunes

Ricardo Nunes foi um dos alvos preferenciais de ambos na live. Em diferentes momentos, Pablo Marçal fez questão de enfatizar que o prefeito não aceitou o convite e disse que a equipe do candidato estava “com o link aberto” para ele entrar na entrevista.

“Alguns estão me cobrando ‘vamos declarar apoio’. O cara não dá conta de vir numa entrevista. Eu quero entrevistar os dois, fiz o desafio. O Guilherme foi o primeiro a topar. A equipe do Nunes está com o link aberto para entrar, eu faço o apelo mais uma vez”, disse Marçal.

Após o fim da sabatina, Marçal ainda ligou, ao vivo, para o celular de Ricardo Nunes, que não atendeu ao telefonema.

Próxima polarização?

Também na reta final da sabatina, Marçal indicou que ele e Boulos podem representar a próxima polarização entre direita e esquerda na política nacional, hoje simbolizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

“Assim como tem Lula e Bolsonaro, vai ter um tal de Guilherme e Pablo nos próximos 30 anos. Isso me incomoda, você acredita? [...] Você já pensou em disputar eleição de governo, presidência da República com um cara de direita, que vai te atormentar a vida inteira?”, questionou.

“Eu não sou filho de pai assustado. Quando você diz um negócio desse, é que você tá pronto pra qualquer embate. Adversário a gente não escolhe, cara. Na campanha, na vida, aparece”, disse Boulos.