O candidato à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) Mauro Tramonte (Republicanos) afirmou, nesta segunda-feira (19 de agosto), que a arquiteta e urbanista Maria Fernandes Caldas não voltará ao secretariado caso ele seja eleito. O nome da ex-secretária de Política Urbana do ex-prefeito Alexandre Kalil (sem partido), que enfrenta resistência junto ao setor imobiliário, é especulado para o gabinete de Tramonte em razão do apoio de Kalil à candidatura dele.
O deputado estadual disse que não tem intenção alguma de convidá-la para ser secretária de Política Urbana. “Os tempos mudaram. Nós temos que nos adaptar aos novos tempos”, justificou o candidato. Levada por Kalil para o primeiro escalão no primeiro ano de mandato, em 2017, Maria deixou a Secretaria de Política Urbana justamente quando o ex-prefeito renunciou ao cargo para ser candidato ao governo de Minas Gerais, em abril de 2022.
Tramonte frisou que Kalil não exigiu cargos como contrapartida ao apoio. "Mais uma vez vou falar: o Kalil não exigiu nenhum cargo na prefeitura. O Kalil está dando a contribuição dele como pessoa interessada em melhorar a vida das pessoas, como sempre fez", respondeu o candidato à PBH. O deputado estadual visitou a região do Barreiro nesta segunda, onde, ao lado da candidata a vice-prefeita Luísa Barreto (Novo), se reuniu com mais de 60 empresários locais.
Em entrevista ao Café com Política, da FM O TEMPO 91.7, mais cedo, o vice-governador Mateus Simões (Novo), responsável por articular o apoio do governo Romeu Zema (Novo) a Tramonte, se referiu à Maria como um "trauma". "Vi alguém falando de Maria Caldas outro dia. Ninguém merece. Essa mulher atrapalhou a cidade durante duas décadas. Não sei onde ela está, mas espero que ela permaneça onde estiver", apontou Simões.
Procurada, Maria apenas afirmou que “esse tipo de provocação se intensifica em época eleitoral e prefiro ignorar”. A urbanista era uma das secretárias de Kalil mais questionadas pela oposição ao então prefeito. Pouco antes dela deixar a Secretaria de Política Urbana, a Câmara Municipal de Belo Horizonte chegou a ensaiar a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar a “demora injustificada” ao analisar licenciamentos e alvarás de construção em Belo Horizonte.
Em entrevista recente também ao Café com Política, Kalil reconheceu que ex-secretários, como, por exemplo, Ângela Dalben, da Educação, e Jackson Machado, da Saúde, estariam ajudando a elaborar o plano de governo de Tramonte, mas não citou Maria. “Estamos lá, estamos lá ajudando o Mauro. Inclusive, agora de manhã (2 de agosto) estão em reunião. (...) O negócio vai ser feio, é um negócio muito bacana o que estão fazendo lá”, disse o ex-prefeito.
Tramonte ainda negou que haja confronto entre Kalil e o Novo, adversários nas eleições de 2022, na chapa. “Não tem embate mais. Foi uma coisa pontual, que aconteceu no passado. Nós não estamos trazendo Kalil para juntar com o governador Romeu Zema. Nós trouxemos o Kalil para nos ajudar e trouxemos o governo para nos ajudar. É isso o que nós queremos deixar claro”, reiterou o candidato à PBH.
Simões, que fez críticas veladas à manifestação pública da direção nacional do Novo logo após a formalização da aliança, afirmou que o partido tem razão em uma coisa. “A gente não pode permitir oportunismo político e tenho certeza que isso não aconteceu da parte do Mauro e da parte da Luísa”, pontuou, sem fazer referência a Kalil, quem o Novo acusou justamente de “oportunismo político”.