O senador licenciado e candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, Carlos Viana (Podemos), afirmou ontem que vai “mandar de volta” moradores em situação de rua que não são da capital para as cidades de origem. De acordo com ele, prefeitos do interior enviariam para Belo Horizonte pessoas em situação de rua para não terem que lidar com o problema. “Manda um, vou devolver cinco”, cravou Viana.
O anúncio foi feito em agenda de campanha no Elevado Dona Helena Greco, entre os bairros Carlos Prates e Barro Preto. O candidato caminhou pelas ruas da região Noroeste da capital, conversou com moradores de rua, e pediu votos no corpo a corpo.
"Desde a conversa que temos tido com os moradores de rua, temos sentado com cada um deles, procurado saber, há um fenômeno interessante. Uma parte deles é de Belo Horizonte. O restante é do interior – e foram mandados para cá pelos prefeitos. Gente que foi nas cidades, pediu ajuda, deram uma passagem e vieram para Belo Horizonte”, declarou Viana.
“Como prefeito, vou deixar claro o seguinte: quem é de BH, quem precisa de ajuda aqui, vamos ajudar, buscar uma recolocação, um apoio psicológico”, prometeu Carlos Viana.
“Agora, quem não é de Belo Horizonte, eu vou devolver. Já que veio para cá com o prefeito de lá mandando o problema, nós vamos mandar ele de volta, porque tem que buscar a solução na casa dele, lá com a família dele”, acrescentou o candidato.
Transferência
De acordo com o senador licenciado, estaria havendo uma transferência do problema dos moradores de rua para a capital e não há legislação que proíba uma eventual gestão à frente do Executivo para encaminhar essa população às suas cidades natais.
“O prefeito que insistir e a gente identificar isso, nós vamos mandar é cinco de volta. Eles mandam um problema para cá, vamos mandar cinco para lá. Porque não há um controle, uma legislação que proíba isso. Todo prefeito quer se livrar do problema e manda para nós aqui, disse Carlos Viana.
“Volto a dizer: é de Belo Horizonte, vamos dar apoio, buscar a família, a residência. Mas, não é e quer voltar, vamos devolver para a cidade de onde veio. Vamos tratar com respeito, dentro da legislação, mas vamos resolver o problema do morador de rua na capital. É um compromisso que tenho com os comerciantes”, concluiu o candidato à PBH.
Censo
De acordo com o último censo da população de rua em Belo Horizonte, divulgado em junho deste ano pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 41,7% sempre viveram em Belo Horizonte e 58,3% vieram de outros locais antes de viver em situação de rua na capital.
Dos que não são da cidade, 59,6% vieram do interior de Minas Gerais; 12,8% de São Paulo; 6,1% do Rio de Janeiro; 5,4% da Bahia; 3,7% do Espírito Santo; e 1,3% de países estrangeiros.
Foi estimado que a população de rua em Belo Horizonte triplicou na última década e chegou a 5.344 pessoas. Os dados, levantados entre os dias 19 e 21 de outubro de 2022, mostram que a maioria é formada por homens (84%), com média de idade de 42,5 anos, enquanto as mulheres representam 16%, com 38,9 anos em média.
O censo foi feito por meio de parceria entre a Prefeitura de BH e a UFMG, com a colaboração do Movimento Nacional de População de Rua, a Associação de Luta por Moradia Para Todos, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).