O primeiro debate entre os pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte teve confrontos, uns mais, outros menos acalorados, sobre mobilidade urbana, funcionamento de postos de saúde e contas públicas do município.

O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), pelo cargo, foi o mais atacado. Em várias oportunidades ao longo do programa, até mesmo quando não estava fazendo ou respondendo perguntas, reclamou dos ataques.

"Batem porque sou o único que está fazendo. Tem dois pés de mangas. Um com mangas, outro sem. Em quem vão jogar pedras? No que tem mangas", disse, ao falar, durante o programa, sobre as críticas dos adversários.

O debate foi organizado pela Band e levado ao ar na noite desta quinta-feira (8 de agosto). Dos dez pré-candidatos à prefeitura, sete participaram do confronto, realizado nos estúdios da TV em Belo Horizonte.

Além de Fuad e Tramonte, compareceram o deputado estadual Bruno Engler (PL), o deputado federal Rogério Correia (PT), a deputada federal Duda Salabert (PDT), o senador licenciado Carlos Viana (Podemos) e o vereador Gabriel Azevedo (MDB).

Um dos dois principais embates foi entre Fuad e Viana. O senador afirmou que Belo Horizonte tem déficit de R$ 200 milhões. "A cidade está no vermelho", disse. O prefeito, irritado, rebateu declarando ter prêmios por boa administração. "Estamos investindo R$ 3 bilhões este ano do caixa da prefeitura", afirmou Noman.

Houve confronto também entre Fuad e o vereador Gabriel Azevedo. O vereador perguntou ao prefeito qual sua proposta para desenvolvimento e criação de empregos na cidade. Conforme o parlamentar, a cidade está parada. "BH é um grande canteiro de obras", rebateu Fuad.

O prefeito e Engler discutiram sobre obras na Lagoa da Pampulha. O deputado disse que trabalhos de despoluição na região foram feitos sem licitação. Fuad afirmou que apenas uma empresa no Brasil, a que vem realizando as obras, tinham o produto para fazer o serviço.

Entre Duda e Tramonte, as perguntas foram em torno do trânsito na cidade. O deputado perguntou como melhorar o tráfego de veículos na capital. A deputada falou sobre investimentos no transporte público. "Vamos fazer o novo contrato do setor com participação da população. O que está pior? Passagem cara? Falta de ônibus"?, citou a parlamentar.

O metrô também foi citado. Viana disse ter sido o responsável pelos cerca de R$ 2 bilhões liberados pelo governo federal e pelo governo Zema para construção da Linha 2, que liga a Linha 1 ao Barreiro. Correia disse que os recursos foram votados pelo Congresso Nacional.

Na saúde, houve troca de perguntas entre Engler e Tramonte, em clima ameno. O deputado perguntou como melhorar o setor na cidade. O deputado estadual respondeu afirmando que não pode faltar médico. Para Engler, a cidade gasta um volume alto em saúde, mas os recursos não são bem aproveitados.

Outro confronto foi entre Salabert e Engler, notórios adversários ideológicos, também na área da saúde. A deputada citou a importância das vacinas. O deputado estadual afirmou ser a favor de imunizantes e que tem a sua carteira de vacinação.

Gafe

Ao responder questionamentos de Salabert, que é mulher transexual, o prefeito Fuad a chamou de senhor. Em seguida pediu desculpas que foram aceitas pela parlamentar. "Tranquilo", disse Salabert.

A presença do ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, e do governador Zema, rivais na eleição para o governo do estado em 2022, na campanha de Tramonte foi lembrada no debate. Correia perguntou ao pré-candidato do Republicanos como isso foi possível e qual acordo houve.

Tramonte respondeou não ter havido acordo nenhum e repetiu que, caso vença as eleições, será o responsável pela administração. Correia ironizou o fato de o partido Novo ter entrado em atrito com Kalil após o anúncio de apoio do ex-prefeito a Tramonte. "Saiu do balanço geral e arrumou um barraco geral", disse.

O debate foi dividido em cinco blocos. Na primeira, segunda e quarta partes, os pré-candidatos fizeram perguntas uns para os outros. No terceiro bloco, os participantes  responderam a perguntas de jornalistas do Grupo Bandeirantes. A quinta e última parte foi para considerações finais.

Ficaram fora do debate Lourdes Francisco (PCO), Wanderson Rocha (PSTU) e Indira Xavier (UP). Nenhum dos três foi convidado pela emissora. A argumentação da Band foi que a legislação eleitoral exige chamado apenas a candidatos de partidos que tenham pelo menos cinco representantes na Câmara dos Deputados.

PCO, PSTU e UP não possuem parlamentares na Casa. Os três pré-candidatos reclamaram de não terem sido convidados. "É lamentável essa postura antidemocrática", afirmou o pré-candidato do PSTU.

Pelo UP, Indira Xavier disse que a ausência de convite é prejudicial ao debate livre e democrático. Por sua vez, o PCO, via assessoria, disse que as eleições no Brasil não são democráticas e privilegiam quem é sustentado pelo regime burguês.