Após clamar por um “novo líder” do campo político da direita, o senador licenciado e candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, Carlos Viana (Podemos), agora tenta se colar à imagem de Pablo Marçal (PRTB), pleiteante à Prefeitura de São Paulo. Viana, que considera sua trajetória política parecida à de Marçal, traça o candidato como um semelhante nas eleições deste ano. 

“Pablo Marçal, como eu, tem uma campanha que não tem o apoio dos grandes partidos e do sistema. Ele tem sido muito perseguido, assim como eu tenho sido perseguido por ser evangélico (em Belo Horizonte). Os partidos tentaram me tirar de todo jeito da corrida eleitoral (assim como acontece com Marçal). Nós temos uma trajetória muito semelhante de sobrevivência política”, define.


“Os concorrentes dele em São Paulo, assim como os meus concorrentes em Belo Horizonte, têm grandes partidos, grandes fundos eleitorais, grandes estruturas políticas e não querem que outsiders, que são aqueles que não são oriundos da política, sejam eleitos. Eu me vejo muito semelhante a Pablo Marçal aqui em Belo Horizonte porque não queriam que eu fosse senador e não querem que eu seja prefeito”, declara Viana.


O candidato diz que o primeiro traço em comum entre os dois é de “não fazer conchavos”. “Não dividir governo, secretarias, como acontece com meu concorrente ‘Maurionete’ (deputado estadual e candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, Mauro Tramonte, do Republicanos). (Vemos) o governador (Romeu Zema) e o ex-prefeito (Alexandre Kalil) já dividindo o bolo como se já tivessem ganhado a eleição. Vamos dizer claramente que não aceitamos conchavos, que nós faremos acordos políticos, mas num interesse da cidade”, diz Viana.

“Pablo Marçal é hoje um grande fenômeno em rede social que quando se juntar a um programa de governo factível se tornará sim um dos grandes nomes da direita em todo o país”, completa o candidato.


Em sabatina à FM O TEMPO no último dia 26, o senador licenciado ressaltou, quando questionado com sua relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que, apesar de ser de direita, acredita que o campo ideológico precisa de “um novo projeto”. “Bolsonaro é coisa do passado, o Brasil precisa de um novo líder, de um novo modelo para a direita”.

“Se nós não nos atualizarmos, se nós não conversarmos com toda a população, vamos continuar perdendo eleição. A esquerda vai continuar ganhando, porque a esquerda se adaptou muito mais ao centro do que nós”, avaliou. Segundo o candidato, nos lugares mais vulneráveis da cidade, as pessoas não votam em esquerda ou direita, mas em quem “resolve os problemas, coloca comida na mesa e dá dignidade”. “A direita precisa aprender isso, não conversar só com empresário, mas com o povo”, disse.


Questionado sobre se Marçal seria essa nova figura da direita, Viana diz que ele é “um bom nome”. “A direita precisa de um novo projeto para conversar com a população, que mantenha os ideias liberais, não aumente o número de estatais, preserve o livre mercado, esses princípios, que não são bolsonaristas, são compartilhados por mim e pelo Pablo Marçal. Não somos oriundos da política, temos uma dificuldade de enfrentar o sistema, e estamos concorrendo contra candidatos que não mandam em nada, como o ‘Maurionete’”, acrescenta Viana.


Semelhanças


No último sábado (31 de agosto), antes da suspensão do X, antigo Twitter, em território nacional, Viana saiu em defesa de Marçal e afirmou que a derrubada da rede social pelo Supremo Tribunal Federal (STF) estaria ligada à “vertiginosa subida” de sua campanha ao Executivo paulistano.

“A derrubada do X hoje, no Brasil, nada mais é do que uma manobra jurídica para parar a vertiginosa subida da campanha de Pablo Marçal à Prefeitura de São Paulo. Uma tentativa de parar o novo líder da direita. Força, Pablo Marçal. Estamos juntos. E estaremos no segundo turno. Você aí em São Paulo, eu aqui em Belo Horizonte”, publicou o candidato.


No horário eleitoral gratuito em rede de televisão, há mais uma convergência entre as campanhas de Viana e de Marçal: enquanto o candidato paulista usa um boné com sua inicial e divulga o slogan “faz o M”, em Belo Horizonte Viana usa também um boné com a letra “V” e pede ao eleitor para “fazer o V” nas inserções.

Outra característica em comum às candidaturas é o discurso de que não há “padrinhos políticos” junto às campanhas. Tanto o candidato paulista, que se coloca como um “outsider” na disputa pela prefeitura, quanto o senador licenciado por Minas Gerais, insistem em dizer que não têm grandes apoios e que são candidatos independentes na corrida.