BRASÍLIA - O videomaker Nahuel Medina teria uma relação não apenas de assessor com o candidato à prefeitura de São Paulo e ex-coach Pablo Marçal (PRTB). Os dois seriam sócios na empresa Marshall Filmes, que vende um curso de audiovisual para produtores de conteúdo.

Nahuel foi o autor de um soco disparado contra Duda Lima, o marqueteiro do candidato Ricardo Nunes (MDB), em debate promovido pelo Grupo Flow na noite de segunda-feira (23). Momentos antes, Marçal foi expulso do debate por descumprir as regras estabelecidas ao disparar ofensas contra Nunes.

O curso foi registrado como uma oferta da empresa Medinamaker, de Nahuel, e que Marçal declarou ser sócio: “Nós viramos sócios, eu e esse cara [Medina]. Nós criamos uma empresa de filmes chamada Marshall Filmes”, disse. 

A declaração do candidato foi publicada em um vídeo no TikTok da produtora em maio deste ano. A sociedade, no entanto, não foi informada por Marçal no registro de sua candidatura à Justiça Eleitoral. O caso foi revelado pela Agência Pública. 

O site oficial da Marshall Films exibe uma foto de Medina e de Marçal, mas atualmente está com inscrições encerradas. Quando estava ativo, outra mensagem indicava a sociedade entre os dois: “Hoje, Medina abandonou todos os seus empreendimentos para se tornar sócio de Pablo Marçal na Marshall Films”. 

A produtora oferecia dois serviços. Um deles, o Marshall Films Experience, ofertado com o CPNJ da empresa Medinamaker. A experiência oferecia um dia com Pablo Marçal por R$ 28 mil.  

Um outro curso de audiovisual podia ser adquirido em 12 parcelas de R$ 3.564, segundo a Agência Pública. Nesse caso, o link de pagamento redirecionava para a XGROW, uma plataforma online de pagamentos fundada por Marçal. 

Questionada pela reportagem de O TEMPO Brasília, a equipe de campanha de Marçal informou que o ex-coach não tem sociedade com a Medinamaker, mas não esclareceu o motivo de o candidato se referir como sócio da empresa em vídeos publicados em redes sociais.

R$ 230 mil em campanha 

Apesar de não ter declarado a suposta sociedade, Marçal informou à Justiça Eleitoral que pagou R$ 230 mil por serviços para Medina em 16 de agosto, nesta campanha eleitoral. O pagamento foi feito para Nahuel Gomez Medina Ltda, razão social da Medinamaker, para a “produção de programas de rádio, televisão ou vídeo”. 

Em seu Instagram, Medina soma 186 mil seguidores e exibe vídeos da campanha de Marçal. Depois do caso de agressão na última noite, ele usou o espaço para publicar um vídeo de sua mão machucada e a legenda: “eu só me defendi institivamente”.

No Facebook, Medina informa que nasceu em Montevidéu, no Uruguai, e mora atualmente na cidade de Confresa, em Mato Grosso. É lá que foi registrada sua empresa, a Medinamaker, em 16 de janeiro de 2018 com capital social de R$ 70 mil. 

A agressão 

Último a falar no bloco final do debate do grupo Flow, Pablo Marçal chamou Ricardo Nunes de “bananinha” e anunciou o que chamou de “promessa de campanha”: colocar o atual prefeito na cadeia por contratos para o fornecimento de merenda na cidade de São Paulo. 

No mesmo minuto, ele foi advertido duas vezes de que ofensas pessoais não eram permitidas pelas regras acordadas. Ao assumir o microfone pela terceira vez, voltou a repetir a provocação e foi expulso do debate.  

Paralelamente, começou uma confusão atrás das câmeras. A equipe de Marçal alegou que Duda Lima teria dado risada quando o candidato foi advertido pelo mediador do debate. Um vídeo feito por Medina mostra os dois assessores, aparentemente, se provocando.  

Outra gravação mostra Duda conversando com outras pessoas presentes no estúdio, quando levou um soco do videomaker. O marqueteiro de Nunes saiu do debate com o rosto sangrando. Os dois foram encaminhados a uma Delegacia de Polícia, onde o caso foi registrado como lesão corporal.