Samba, rap, sertanejo universitário e sofrência foram os estilos escolhidos pelos cinco concorrentes à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) que já lançaram seus jingles de campanha. Presentes nas eleições brasileiras desde a década de 1940, essas peças de marketing político buscam criar conexão emocional com o eleitorado e usam a música como ferramenta para conquistar o tão disputado voto.
Entre os jingles já divulgados, Mauro Tramonte (Republicanos) escolheu o samba para embalar o “Balança BH”, uma peça de 58 segundos que destaca o candidato como “a voz do povo” e alguém que “sabe trabalhar” em favor da população. O jingle se alinha com o tempo de propaganda de rádio e TV de Tramonte, que é de 50 segundos.
O ritmo foi também o escolhido por Carlos Viana (Podemos) para compor sua propaganda musical “A Voz de BH”. Em 1 minuto e 40 segundos, ele se posiciona como o candidato que “ama BH radicalmente” e conhece a cidade.
Bruno Engler (PL) lançou o “Prefeito do Povo”, reedição do jingle de Jair Bolsonaro “Capitão do Povo” (2022). Os cantores escolhidos, a dupla de sertanejo universitário Mateus e Cristiano, são os mesmos. De acordo com o partido, é uma estratégia para ligar a imagem de Bruno Engler à de Jair Bolsonaro e, ao mesmo tempo, levar emoção e alegria para a campanha.
Gabriel Azevedo (MDB) também apostou no sertanejo para sua música “Chama o Gabriel para Prefeito”. Durante os 2 minutos e 33 segundos, em ritmo de sofrência, ele destaca as dificuldades dos moradores da cidade, apresentando Gabriel como a solução para os problemas.
A postulante Duda Salabert (PDT) escolheu o rap para sua canção “Muda com Duda”. Na voz do rapper Fabrício FBC, a composição aborda temas como saúde, educação, segurança, desemprego e moradia. Já a letra reforça que “a cidade sonhada é possível com Duda”.
Os candidatos Fuad Noman (PSD), Indira Xavier (UP), Rogério Correia (PT) e Wanderson Rocha (PSTU) informaram que seus jingles estão em produção, e Lourdes Francisco (PCO) explicou que decidiu não produzir a peça para sua campanha devido à falta de recursos.
Escolha do estilo
De acordo com o consultor político Celso Lamounier, a escolha do estilo musical deve considerar os fatores culturais regionais e o sentimento que a peça pretende transmitir. “Um jingle que funciona muito bem no Nordeste pode não ter o mesmo efeito no Sul”, observa o especialista, que coordenou campanhas digitais para candidatos ao Executivo e Legislativo em diversas regiões do Brasil.
Ele explica que os jingles são eficazes na transmissão de conceitos de forma leve e natural. “Há jingles mais conceituais e emocionantes, e também aqueles ‘chicletes’, que ficam na cabeça”, observa.
Lamounier também detalha que a criação de um jingle começa com um “briefing” (resumo) baseado nos conceitos principais da candidatura, incluindo as propostas do candidato e o legado que ele pretende passar.