Apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o deputado estadual Bruno Engler (PL) e o deputado federal Rogério Correia (PT), respectivamente, protagonizaram o único confronto nacionalizado do debate entre os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) organizado por O TEMPO nesta segunda-feira (30 de setembro). O embate rendeu acusações mútuas e até ilações entre os candidatos de PL e PT.
Durante o sorteio prévio realizado pela organização, Rogério foi escolhido para perguntar a Engler. Em busca de desconstruir o candidato do PL, o deputado federal afirmou que o adversário tem adotado uma postura no debate em que parece ter decorado “bula de remédio”. “Queria saber, na verdade, por que você continua tão ofensivo nas suas ações por fora, que não são da campanha, como pedir impeachment do ministro (do Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes”, questionou.
Engler, então, respondeu ter ido à Praça da Liberdade no último domingo (29 de setembro) para se manifestar a favor do impeachment de Moraes “com muito orgulho”. “Isso não é problema nenhum”, rebateu o deputado estadual. “Em relação ao impeachment, é preciso coragem para se posicionar. É um tema, sim, afeito a Belo Horizonte, porque diz da nossa liberdade, da democracia e da liberdade de expressão do nosso país”, emendou ele.
Rogério ainda relembrou os questionamentos de Bolsonaro à apuração dos votos que deu a vitória a Lula em 2022 para provocar o adversário. “Você acredita no sistema democrático do voto que não é impresso, do voto eletrônico, que nós vamos votar (no próximo domingo)? Se você não acredita, como o Bolsonaro, me pergunto: por que você concorre à eleição? Se acredita, o presidente Lula foi eleito, portanto, de forma correta e absolutamente limpa?”, questionou o deputado federal.
O candidato do PL, por sua vez, apontou que Rogério parece um “disco arranhado” quando se refere a Bolsonaro. “Não tenho do que me envergonhar, como você, que parece um disco arranhado. ‘Ah, o golpe isso, o golpe aquilo’”, retrucou Engler, que, após ser acusado de ter uma postura “negacionista” na pandemia, defendeu a condução do ex-presidente durante o enfrentamento à Covid-19. “Ele comprou todas as vacinas disponibilizadas pela Anvisa”, disse.
Então, o deputado estadual direcionou os ataques a Lula. “Você (Lula) não fala do presidente Lula, que se negou a comprar a vacina da dengue do Japão, que foi aprovada pela Anvisa. Comprou mixaria, comprou quase nada. Ninguém teve acesso a essa vacina ainda”, reclamou Engler, que ainda foi acusado por Rogério de falar a mais de 47% das reuniões em plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). “De 868 reuniões, você esteve ausente em 409”, citou o candidato do PT.
Engler subiu o tom e afirmou que petista, “quando não está roubando, está mentindo, e quando não está mentindo, está roubando”. “Eu não sei de onde o Rogério tirou esses números. (Não sei se) Tirou da cabeça dele, se estava muito doido, se estava usando alguma substância etc. Sou um deputado ativo na ALMG. Eu participo das reuniões, eu participo das comissões. Tenho mais de 70 projetos de lei apresentados, projetos importantes”, rebateu o candidato do PL.
Ao ter direito à réplica, Rogério ironizou o adversário, que, segundo ele, o ofendeu porque “não deve ter tomado cloroquina”. “Deve ser essa substância química que ele está falando. Toma cloroquina com sei lá o quê, mas eu sei que, quando não toma, vem para cá nervoso sem a substância química”, atacou o candidato do PT. O deputado federal acrescentou que o adversário não vai à ALMG porque “fica atrás do Bolsonaro fazendo fofoca”.
Em seguida, na tréplica, Engler afirmou que “mentira está no DNA” de Rogério e que o adversário não quer debater os problemas de Belo Horizonte. “Você tem o que há de pior na política nacional, que é o projeto do PT, do roubo, do conchavo. O PT fez o maior esquema de corrupção da história do Brasil, que é o mensalão, e depois bateu o próprio recorde, o petrolão”, acusou o deputado, que ainda associou o adversário ao governo Fernando Pimentel (PT), de quem Rogério foi líder do bloco de governo na ALMG.