BRASÍLIA - Tenente-coronel do Exército, Marcelo Ustra da Silva Soares, de 45 anos, foi eleito vereador de Porto Alegre neste domingo (7). Com o nome de Coronel Ustra nas urnas, obteve 2.669 votos e conquistou a última vaga na Câmara Municipal da capital gaúcha. 

Ele é primo de Carlos Alberto Brilhante Ustra, militar condenado por comandar torturas durante a ditadura militar (1964-1985). O coronel, que morreu em 2015, aos 83 anos, chefiou o DOI-Codi do II Exército, em São Paulo, órgão de repressão política durante a ditadura militar.

Segundo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, só na gestão de Ustra o DOI de São Paulo foi o responsável pela morte ou desaparecimento de ao menos 45 presos políticos.

Em sua campanha, Marcelo Ustra, bisneto de Celanira Martins Ustra, avó de Brilhante Ustra, contou com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), capitão reformado do Exército que considera Brilhante Ustra um “herói nacional”

Em abril de 2016, Bolsonaro declarou seu voto favorável à abertura do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) homenageando Brilhante Ustra. Presa política, Dilma foi torturada na ditadura em sessões comandada por Ustra.

Já Marcelo Ustra atuou no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo de Jair Bolsonaro. Acompanhou a comitiva do ex-presidente a Orlando, no fim de seu mandato. Em janeiro de 2023, foi dispensado logo após a posse do presidente Lula (PT).

Em suas redes sociais, demonstra orgulho da trajetória de seu primo e se declara familiar do “pavor de Dilma Rousseff”. A frase foi proferida por Bolsonaro ao votar a favor do impeachment, ainda em 2016 quando era deputado federal.

Na ativa no Exército até maio deste ano, segundo o Portal da Transparência, esta será a primeira vez que o militar concorre a um cargo eletivo. Ele é bisneto de Celanira Martins Ustra, avó de Brilhante Ustra.