O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, protagonizou uma discussão com a jornalista Amanda Klein durante sabatina na Jovem Pan, na manhã desta terça-feira (6). O momento foi quando a jornalista confrontou o mandatário sobre a falta de indício de fraude nas urnas eletrônicas e a compra de 51 imóveis com dinheiro em espécie revelado pelo Uol, além de outros casos sensíveis ao clã Bolsonaro.

"É importante enfatizar que isso acontece em um contexto de investigação da prática de rachadinha nos gabinetes de dois de seus filhos, vereador Carlos e senador Flávio Bolsonaro. O senhor também é suspeito de ter mantido funcionários fantasmas quando era deputado federal em Brasília. O seu filho Flávio negociou 20 imóveis nos últimos 16 anos, sendo que último deles foi mansão de R$ 6 milhões de reais em Brasília. A sua ex mulher Ana Cristina mora em outra mansão, avaliada em R$ 3 milhões de reais em bairro nobre em Brasília com seu filho Jair Renan. E ela também é investigada pela PF por supostamente ter usado um laranja para adquirir esse imóvel. Então é importante refazer a pergunta: qual a origem desses recursos, presidente?", questionou Klein.

"Amanda, você é casada com uma pessoa que vota em mim. Eu não sei como está teu convívio na tua casa com ele. Mas não tenho nada a ver com isso", rebateu Bolsonaro.

"A minha vida particular não está em pauta aqui", devolveu a jornalista, sendo perguntada por Bolsonaro por qual motivo a dele estaria. "Porque o senhor é uma pessoa pública, o senhor é presidente", completou Klein.

Bolsonaro afirmou que a colocação da profissional era leviana e se defendeu sobre os temas abordados na pergunta. Ele afirmou que não tem mais contato com ex-mulheres e que não sabe a vida econômica delas, além de dizer que o filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ) comprou 12 imóveis na planta, pagando "mixaria" por mês. O presidente disse, ainda, ser alvo de "perseguição".

"Você quer me rotular de corrupto, Amanda? Baseada em quê? Você está acusando duas mulheres de corruptas, Amanda. Você está acusando minha mãe, que já faleceu, de corrupta, Amanda. Você está acusando uma senhora de 94 anos, que já foi enterrada neste ano por mim, de corrupta por causa de um imóvel que ela comprou de um irmão meu. Esse é o jornalismo investigativo, esse é o jornalismo sério?", completou Bolsonaro, irritado.

"Amanda, quero te convidar a conhecer minha mansão em Angra dos Reis. Por que você não vai lá? Está convidada. Ela vale, segundo a Folha de São Paulo, milhões de reais. Vai conhecer. Já que vale milhões, e você que é casada com uma pessoa bem-sucedida economicamente, eu te vendo por um milhão uma casa que vale milhões", continuou Bolsonaro, sendo interrompido pela jornalista que afirmou ter feito uma pergunta legítima.

'Querem me tirar para colocar um ladrão no meu lugar?', questiona Bolsonaro

Ainda na sabatina, Bolsonaro comentou sobre a compra dos imóveis com dinheiro em espécia. Segundo a reportagem, o mandatário, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis desde 1990, dos quais pelo menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro em espécie. As compras só com moeda corrente totalizaram R$ 13,5 milhões nos registros em cartórios. Em valores corrigidos pelo IPCA, o montante equivale a R$ 25,6 milhões atualmente.

O presidente tem negado irregularidades e afirmou que cópias das escituras confirmam que os imóveis foram comprados com "dinheiro corrente", e que isso "não é dinheiro vivo". "Como não têm nada contra mim, ficam ao redor dos meus familiares. Ora, qualquer escritura está escrito lá moeda corrente", disse.

"Uma covardia esse ataque, pegar minha mãe que já faleceu e colocar nesse rol. [...] Não têm como me atingir, buscam a minha família", acrescentou. "Só falta fazerem busca e apreensão nas casas da minha família no Vale do Ribeira. E eu tenho quase certeza que vão fazer", colocou Bolsonaro.

O presidente também questionou "qual o objetivo" de trazer o caso à tona: "Eleger o Lula e dizer que eu sou tão corrupto quanto ele? Tem cabimento isso? [...] Querem me tirar para colocar um ladrão no meu lugar?". A referência foi ao candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de intenção de voto.

"Tiraram o cara da cadeia, o maior corrupto da história do Brasil, tornaram elegível, para na marra fazê-lo presidente destruindo quem está na frente. Igualzinho Daniel Ortega que o Lula defende na Nicarágua, onde ele prende todos os opositores e só sobre ele. Se me tirarem de combate por um motivo injusto, que vão ter que ter muita coragem para fazer isso aí, sobra paro Lula. Entra em campo para jogar um futebol com time adversário sem goleiro", frisou Bolsonaro na Jovem Pan.

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