Eleições

Bolsonaro encontra prefeitos para tentar recuperar votos de 2018 em Minas

Quando foi eleito, presidente conseguiu vencer em 481 cidades; agora, ganhou em 223. Candidato à reeleição vai se reunir com gestores em evento da AMM


Publicado em 14 de outubro de 2022 | 06:00
 
 
 
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Presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) retorna a Minas Gerais nesta sexta (14). Ele vai se reunir com prefeitos mineiros em um evento promovido pela Associação Mineira de Municípios (AMM), em Belo Horizonte. 

O governador Romeu Zema (Novo), principal cabo eleitoral do presidente neste segundo turno, também estará presente. É a terceira vez que Bolsonaro visita Minas neste segundo turno: no dia 6, foi a um evento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e, há dois dias, esteve em um culto evangélico na Igreja Mundial do Poder de Deus. 

Um dos objetivos da reunião com os prefeitos é recuperar o terreno perdido no primeiro turno no Estado e buscar uma virada de votos – o que seria algo inédito em um segundo turno em Minas. Na comparação com 2018, Bolsonaro perdeu 258 cidades em que ele tinha vencido. Naquele ano, ele foi vitorioso em 481 municípios – agora, esse número caiu para 223. 

Lula venceu em 630 cidades neste ano. Há quatro anos, Fernando Haddad (PT) venceu em 372 municípios. A votação foi 48,29% a 43,60% a favor do petista, com uma diferença de pouco menos de 600 mil votos. Em números absolutos, Bolsonaro praticamente manteve a votação obtida em 2018 – perdeu 68 mil votos. Já Lula aumentou em mais de 2,7 milhões o número de eleitores que votaram no PT. 

A expectativa do encontro é que pelo menos 600 prefeitos participem do ato, tratado como “pauta municipalista” pela AMM, apesar de o presidente da entidade, Marcos Bizarro (PSDB), prefeito de Coronel Fabriciano, fazer campanha para Bolsonaro. 

No encontro, a AMM entregará ao presidente uma lista com demandas. A principal delas é que a isenção do ICMS sobre exportações, instituída pela Lei Kandir, deixe de ser aplicada sobre produtos oriundos da mineração. 

Já Bolsonaro deverá focar as ações do governo federal no Estado, como a concessão de rodovias, a continuidade da duplicação da BR–381 e BR–050, a ampliação do metrô de Belo Horizonte, além da expansão da malha ferroviária e da revitalização dos aeroportos de Uberlândia, Ipatinga e Montes Claros. 

Para o cientista político e professor do Ibmec Adriano Cerqueira, a agenda com os prefeitos pode ter resultado para Bolsonaro, principalmente por causa da boa relação entre os gestores municipais e o governador. 

“Lula adoraria que houvesse um segundo turno em Minas para ele ter palanque. Isso porque atrapalharia Zema de apoiar Bolsonaro, situação que acontece na Bahia, com o ACM Neto. No entanto, como foi reeleito em primeiro turno, Zema pôde declarar apoio a Bolsonaro e entrar de cabeça na campanha. Ele está vestindo a camisa. Então eu vejo que há uma perspectiva de que Bolsonaro reduza a vantagem de Lula em Minas devido à presença do Zema e até mesmo consiga reverter a votação. Eu acredito que haverá até uma reversão de votos em várias cidades”, analisou. 

Professor da Fundação Dom Cabral, Bruno Carazza também acha que o apoio de Zema pode ajudar o presidente. “É um governador popular, foi bem avaliado, e a taxa de transferência vai aumentando à medida que ele se engaja na campanha”, acredita.

Busca para alterar o voto ‘Luzema’

O segundo turno também vai colocar à prova o apoio do governador Romeu Zema (Novo), ou seja, se depois do voto “Luzema” (voto em Lula e Zema) no primeiro turno, o governador vai conseguir transferir votos para Jair Bolsonaro (PL). 

No primeiro turno, Lula e Zema venceram em 436 cidades simultaneamente. Zema, apesar de não ter declarado oficialmente apoio a Bolsonaro no primeiro turno, sempre desferiu críticas ferrenhas ao PT – o que foi uma das estratégias usadas para vencer o rival Alexandre Kalil (PSD). 

Mas, após ser reeleito, Zema se tornou o principal cabo eleitoral do presidente, que espera que a popularidade do governador possa ajudar na busca da virada em Minas. Lula recuperou 258 cidades que o PT tinha perdido em 2018.

“Os prefeitos exercem certa influência. Em Juiz de Fora, governada pelo PT e onde Bolsonaro tinha ganhado em 2018, o Lula venceu agora. Se nas grandes cidades a influência pode não ser tão significativa para mudar o voto, em municípios menores, acredito que pode acontecer”, analisa o professor do Ibmec e cientista político Christopher Mendonça.

Em número de votos, Lula saiu vencedor nas regiões Campo das Vertentes, Vale do Mucuri, Noroeste, Norte, Central, Zona da Mata e Jequitinhonha. Já Bolsonaro conquistou votação superior ao rival no Sul e Sudeste, Triângulo e Alto Paranaíba, Rio Doce e Centro-Oeste. 

Apesar de ter ficado atrás, Bolsonaro venceu em grandes cidades, como Belo Horizonte, Uberlândia, Contagem, Uberaba, Governador Valadares e Ipatinga. Já Lula conseguiu avançar em outros grandes centros, como Juiz de Fora (principal recuperação do PT em relação a 2018), Ribeirão das Neves, Betim, Montes Claros e Santa Luzia.

Para tentar manter a vantagem em Minas, a campanha do petista escalou o senador Alexandre Silveira (PSD) para intensificar a interlocução do petista nos municípios, já que o senador tem bom trânsito entre os prefeitos.

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