O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) abriu a campanha em 2º turno em Minas Gerais nesta quinta-feira (6), no Teatro Sesiminas, ao receber das mãos da cúpula da Federação das Indústrias do Estado (Fiemg) uma série de propostas elaboradas pelo PIB de Minas. Ao lado do governador reeleito Romeu Zema (Novo), a quem se abraçou em Minas em busca de reverter a vantagem superior a 563 mil votos conquistada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao fim do 1º turno, Bolsonaro acirrou o discurso antipetista, que, aliás, é o mesmo que o adotado por Zema na campanha à reeleição.  

Em referência direta a Zema, quem definiu como “um mineiro que age com muita discrição”, Bolsonaro afirmou que conhece “o pessoal do PT” desde antes da criação do partido, em 1980. “Conheci preso naquela época como militar do Exército Brasileiro”, ironizou o presidente, que foi aclamado pelos presentes com os gritos de “mito” ao iniciar o pronunciamento. “Deixaram também um rastro de destruição em nosso Brasil com a sua tentativa de chegar ao poder a qualquer custo”, acrescentou. 

Para Bolsonaro, quando Lula chegou à presidência da República, o PT teria feito exatamente o contrário do que prometia. “A especialidade deles é mentir, é enganar, em especial os mais humildes com propostas mirabolantes, mas a verdade sempre aparece”, acusou o presidente, que, além de Zema, foi acompanhado pelos governadores reeleitos do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e de Roraima, Antônio Denarium (PP).

Bolsonaro, então, pediu para que cada um dos presentes, cuja maioria era formada por lideranças do setor produtivo, conversassem com os “mais humildes” e “mais necessidatos”. “Porque uma parte continua acreditando nas promessas mirabolantes de picanha e auxílios estratosféricos. Se possível, daríamos, mas sabemos que isso não é possível. Isso foi prometido lá atrás ao povo venezuelano, cujo país é o mais rico do mundo em petróleo, mas que vive em uma situação de pobreza pior que os haitianos”, disse, se dirigindo a Denarium, já que Roraima faz divisa com a Venezuela.

O tom já havia sido adotado pelo candidato à vice-presidência Walter Braga Netto (PL), que, em breve pronunciamento, pontuou que não adianta “ficarmos pregando para convertidos”. “Precisamos da ajuda de vocês para falar para os mais simples, porque ficam levando para os mais simples uma mensagem falsa: ‘vou dar picanha’, ‘vou aumentar salário por decreto’, ‘vou fazer isso’, e vocês sabem que isso é impossível. Não funciona assim, não funciona assim”, questionou, em referência velada a Lula.   

Embora não tenha citado Lula, Zema, que pautou a campanha em 1º turno em oposição ao que cunhou como “PT-Pimentel”, acirrou o discurso. Para o governador, todo mineiro que conhece “um pouco da realidade” do governo Fernando Pimentel (PT) deveria ser “PTfóbico”. “Só se sofrer de amnésia para querer que esse governo volte. Olhando um pouco pra trás, o que os 15 anos de governo PT trouxeram para Minas Gerais? Algum centímetro de metrô? Não. O presidente Bolsonaro já trouxe. Vamos ter a ampliação do metrô aqui”, apontou o governador, que, ao discursar, prometeu ser breve, já que “a nossa estrela é o presidente”.

Zema afirmou que lhe indigna o que chamou de “hipocrisia” do PT, que, conforme ele, apenas diz ser social. “Esse mesmo governo que se diz social parou de pagar o Piso Mineiro de Assistência Social, uma verba que vai para todos os senhores prefeitos mensalmente para ajudar a comprar cesta básica, pagar o aluguel social, pagar um auxílio-funeral para uma família que precisa”, citou, acrescentando que foi o que lhe levou a socar o púlpito durante o debate da Rede Globo entre os candidatos ao governo.

Denarium, por sua vez, apelou para a crise imigratória pela qual passa a Venezuela para sugerir que, caso Lula seja eleito, os brasileiros “fugiriam” do Brasil. ““Lá na ‘Operação Acolhida’, uma mãe venezuelana com um bebê no colo, e eu perguntei: ‘Por que a senhora está fugindo da Venezuela?’ Ela falou: ‘Eu não estou fugindo da Venezuela, eu estou fugindo do (presidente Nicolás) Maduro, que tem um governo chavista que trabalha pela miséria, pela fome, pelo subdesenvolvimento e pelo desemprego. É por isso que eu estou fugindo da Venezuela’”, disse.

Em contrapartida, nem Castro nem Ibaneis discursaram na solenidade, cujo cerimonial, conforme apurou O TEMPO, foi organizado pela campanha de Bolsonaro. Além dos governadores reeleitos, o evento reuniu deputados federais e estaduais em exercício e eleitos, o senador eleito Cleitinho Azevedo (PSC), o vice-governador eleito Mateus Simões (Novo), o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Célio Faria Júnior, e o líder da Assembleia Deus Vitória em Cristo, pastor Silas Malafaia, e o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe.

O compromisso foi o primeiro dos três que Bolsonaro planeja ter em Minas durante o 2º turno. Há a possibilidade de que o presidente e candidato à reeleição visite a inauguração da nova sede estadual da Igreja Mundial do Poder de Deus na próxima quarta-feira (12). A denominação é liderada pelo pastor Valdemiro Santiago. A estratégia de Bolsonaro é, ao lado de Zema, reverter os votos casados que o governador recebeu com Lula no estado, uma vez que, desde a redemocratização, nenhum dos presidentes eleitos chegou ao Palácio do Planalto sem ter vencido em Minas.