Cinco dos 10 estados com mais ônibus abordados pela PRF tiveram maior abstenção

Cinco dos 10 estados que registraram mais ônibus abordados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) neste domingo (30) de eleição tiveram abstenção acima da média nacional.  As blitze do segundo turno violaram decisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, que proibiu “qualquer operação da PRF relacionada ao transporte público, gratuito ou não, disponibilizado aos eleitores”.

Levantamento do portal Uol mostra que Alagoas (23,30%), Goiás (20,74%), Maranhão (23,44%), Mato Grosso do Sul (22,35%) e Pará (22,64%) registraram índices de abstenção acima do verificado em todo país (20,57%) no segundo turno das eleições 2022. 

Os estados estavam entre as 10 unidades da federação com mais ônibus abordados pela PRF. Completam a lista Paraná (18,63%), Pernambuco (17,32%), Rio Grande do Norte (17,44%), Santa Catarina (17,42%) e Sergipe (18,89%), com percentuais de abstenção menores do que os verificados em média no país.

Região mais afetada pelas blitze, o Nordeste teve índices de abstenção acima da média nacional em dois dos nove estados. São eles os já citados Alagoas e Maranhão. Ceará (17,14%), Paraíba (16,74%), Pernambuco (17,32%), Piauí (18,75%), Rio Grande do Norte (17,44%), Sergipe (18,89%) e Bahia (20,46%) tiveram taxa de eleitores que não compareceram abaixo da nacional. 

Metade das abordagens ocorreu no Nordeste, reduto de Lula

Após a PRF descumprir a ordem do TSE e parar pelo menos 610 ônibus que faziam transporte de eleitores neste domingo, a Folha de S. Paulo publicou um levantamento com os números das blitze ao redor do país.

Entre as primeiras 549 operações registradas, quase a metade foi registrada no Nordeste (49,5% do total). Eleitores da região denunciaram o órgão federal de atrapalhar o andamento das eleições.

Outro levantamento constatou, ainda, que o número de abordagens feitas pela PRF a ônibus neste domingo foi 88% maior em relação ao primeiro turno.

Após a movimentação da corporação, foi levantada a possibilidade de estender o horário de votação para além das 17h. Em entrevista coletiva Moraes, descartou a medida.

“Não haverá nada de adiamento do término da votação, a votação termina às 17 horas como programado, sem nenhum problema. Porque não há necessidade de ‘superlativizar’ essa questão. Eu volto a dizer: foram casos em que nenhum eleitor voltou para sua casa, ou ônibus voltou para a origem. Eles votaram”, afirmou o magistrado na ocasião.