Eleições 2022

Com apoio de Zema, Bolsonaro diminui vantagem de Lula em MG, mas é derrotado

Presidente eleito saiu de 563 mil votos de vantagem no 1º turno para 51 mil votos neste domingo (30); governador faz aceno ao petista


Publicado em 30 de outubro de 2022 | 21:04
 
 
 
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A atuação do governador Romeu Zema (Novo) como cabo eleitoral e o foco da campanha de Jair Bolsonaro (PL) em Minas Gerais no segundo turno conseguiram diminuir a vantagem de Lula no Estado, mas não o suficiente para dar a vitória ao presidente.

O petista venceu por cerca de 49 mil votos em Minas, margem muito mais apertada do que a vantagem de 563 mil votos no primeiro turno. Em termos percentuais, Lula teve 50,2% contra 49,8% de Bolsonaro na apuração deste domingo (30).

Zema, que ficou neutro no primeiro turno para não afastar eleitores que votariam em Lula, não tinha uma tarefa fácil, mas usou todas as ferramentas disponíveis no manual das campanhas políticas para ajudar Bolsonaro, que por sua vez também fez sua parte. O presidente fez seis viagens a Minas, uma média de uma a cada quatro dias.

A tarefa do governador não era simples. Parte expressiva dos eleitores de Zema também votaram em Lula no primeiro turno. Dos 853 municípios de Minas Gerais, os dois venceram juntos em 436. Segundo cálculos do PT, metade do eleitorado mineiro, 48%, aderiu ao “Luzema” na primeira votação.

É difícil determinar qual é a parcela exata de contribuição de Zema na redução da vantagem de Lula em Minas, mas fato é que, longe de um apoio protocolar, o governador entrou para valer na campanha de Bolsonaro e subiu no palanque do presidente em todas as seis vezes que ele esteve no Estado — nas cidades de Montes Claros, Teófilo Otoni, Uberlândia, Governador Valadares e, em três ocasiões, Belo Horizonte.

Nas últimas semanas, Zema também intensificou o discurso anti-PT na tentativa de aumentar a rejeição de Lula entre os mineiros, lembrando principalmente da administração do ex-governador Fernando Pimentel (PT).

Para o secretário de Governo de Zema, Igor Eto, o governador “ajudou muito” a campanha de Bolsonaro e se manifestou democraticamente. “Eu acho que o resultado revela um trabalho importante do governador Zema na influência de votos do Estado. Saímos de mais de 5% (para Lula) para praticamente um empate”, disse ele a O TEMPO na noite deste domingo (30).

Em outra área da campanha, Zema atuou como articulador político para que os prefeitos mineiros fizessem campanha para Bolsonaro. A ideia era que os mandatários municipais atuassem como cabos eleitorais do presidente nos rincões do Estado.

O ponto alto dessa estratégia foi o evento que, segundo a Associação Mineira de Municípios (AMM), reuniu 687 prefeitos para receber Bolsonaro em Belo Horizonte. Por outro lado, Zema foi criticado por não ter reunido prefeitos suficientes durante a visita do presidente em Montes Claros, na região Norte. O auditório estava praticamente vazio.

O governador também usou a Cidade Administrativa para tentar dar publicidade a medidas do governo federal como obras e investimentos que já haviam sido anunciados anteriormente e foram requentados para o segundo turno. Foram duas coletivas, com os ministros da Infraestrutura e do Meio Ambiente.

Zema se diz aberto ao diálogo com Lula

Da parceria com os ministros há algumas semanas, agora a incógnita recai justamente sobre como será a relação de Zema com Lula e seus auxiliares, além do PT, tão criticado por ele. Diferente do primeiro mandato, Zema terá um opositor no Palácio do Planalto, a exemplo do que aconteceu com os tucanos Aécio Neves e Antonio Anastasia durante os governos Lula e Dilma.

Em publicação nas redes sociais, Zema desejou sucesso ao presidente eleito. “Seguirei cobrando que Minas seja prioridade, como merece. Estarei aberto ao diálogo para que o Brasil possa crescer com trabalho, honestidade e respeito”, declarou.

A relação com o governo federal será determinante para o futuro político do governador, já que Minas tem uma dívida de R$ 145 bilhões com a União. Os termos de renegociação desse débito determinarão o fôlego financeiro que o governo de Zema terá nos próximos quatro anos e, no limite, se ele fará uma administração que o cacife a ser competitivo em uma possível candidatura à Presidência da República em 2026.

“O governador é de Minas Gerais. Todas as ações que o governo Zema fez nos últimos 4 anos foi pensando no que era melhor para o Estado, nunca pensando em ‘a’ ou ‘b’ ou por ser aliado de ‘a’ ou de ‘b’. O Zema é aliado do povo de Minas Gerais”, afirmou Eto.

“Nós vamos ter que conviver dentro da institucionalidade buscando o que é melhor para Minas Gerais. Não fazemos oposição por oposição. A gente luta pelo que é de direito do Estado e vamos continuar fazendo isso”, completou o secretário.

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