Uma das principais aliadas do presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), a deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP) apontou uma arma na tarde deste sábado (29) para um homem. O caso aconteceu no Jardins, bairro nobre de São Paulo.
O episódio, que ocorreu no cruzamento das alamedas Lorena e Joaquim Eugênio Lima, aconteceu, segundo Zambelli, após "militantes do Lula" a "cercarem e agredirem" quando saía de um restaurante.
Acompanhe o momento aqui:
No vídeo, é possível escutar um homem gritando "é a Zambelli, é a Zambelli", enquanto a parlamentar atravessa uma rua apontando a arma. Então, a deputada entra em um comércio pedindo, aos gritos, que um homem deite no chão.
Em outra gravação, é possível ver um trecho da confusão e quando a deputada e um homem, com uma arma em punho, correm atrás do suposto agressor dela. Um disparo é ouvido em determinado momento da imagem. Assista:
Um vídeo que está viralizando nas redes sociais mostra a confusão que se formou quando a deputada reeleita Carla Zambelli (Pl-SP) saía de um restaurante em São Paulo. Ela alega ter sofrido empurrão de um homem negro. Nas imagens, é possível ouvir o som de um possível tiro. pic.twitter.com/2tUK6Nlyg4
— O Tempo (@otempo) October 29, 2022
Ao sacar a arma na véspera da eleição, a deputada federal pode ter infringido uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Abaixo, segue a nota da assessoria da deputada:
Neste sábado (29), por volta das 16H45, a deputada federal Carla Zambelli (PL) foi vítima de uma agressão no bairro Jardins, em São Paulo.
O episódio aconteceu quando a deputada estava de saída de um restaurante localizado entre a Avenida Lorena com a Rua Joaquim Eugênio Lima.
“Não foi um simples pressentimento. O restaurante possui várias janelas e enquanto eu ainda estava no local com meu filho de 14 anos, observei uma movimentação estranha pelas imediações.”
Ao sair do restaurante, vários homens e uma mulher começaram a cuspir na deputada que foi chamada de filha da puta e prostituta espanhola. Testemunhas locais informaram que o grupo gritava o nome de Lula.
Após cair no chão. Numa fração de segundos, a deputada examinou o fluxo de pessoas, sacou uma arma da cintura e acelerou em direção ao agressor que entrou num bar. Não houve disparos, mas Carla ficou com hematomas nas pernas após o ataque.
A deputada federal possui registro de arma de fogo para defesa pessoal.
A Resolução do TSE que proíbe o porte aplica-se apenas aos CACs, ou para ingresso de armas em seções eleitorais.
Após o incidente, Carla Zambelli registrou boletim de ocorrência contra os agressores.
Na noite desta sexta-feira (28), dados pessoais da deputada Carla Zambelli e de diversos apoiadores do Presidente Bolsonaro(PL) foram divulgados em postagens do Twitter e outras plataformas. No Twitter, o perfil falso chamado @stcdados foi um dos primeiros a compartilhar o conteúdo que foi amplamente divulgado. Um dos perfis que participaram do crime foi o @anonymousSTC, que conta com vários seguidores conhecidos como Jean Willys, Manuela D'ávila e alguns jornalistas com perfil verificado.
Pouco antes do último debate presidencial, Zambelli começou a receber milhares de ligações e mensagens ofensivas de desconhecidos. Até 2h de sábado (29), o telefone havia recebido mais de 800 ligações e mais de 42 mil mensagens de whatsapp.
A deputada publicou um vídeo no seu perfil do Instagram e tranquilizou amigos e apoiadores. Na ocasião, ela mostrou algumas mensagens de ameaças que recebeu. "Foi muito rápido, um monte de números desconhecidos começou a ligar e enviar mensagens ofensivas, pornografia. Me chamavam de nazista, vagabunda, além de me ameaçar de morte com imagens de rituais de magia negra".
Carla Zambelli acredita na possibilidade de o ataque ter sido planejado por aliados da campanha de Lula. "Em várias publicações eles admitem que iriam "travar" a comunicação dos aliados de Bolsonaro" na hora do debate. Ela também acredita que organizações internacionais possam estar envolvidas, e lembrou que "foi o Ministro Edson Fachin que apontou para o risco de hackers estrangeiros atuarem nas eleições de 2022".
O episódio fez com que apoiadores repudiassem a divulgação da privacidade e o ataque pesado que Carla recebeu.
Em seus perfis, Carla recebeu centenas de mensagens de eleitores, seguidores e amigos que repudiaram o ataque e desejaram força.
A deputada está encaminhando todas as mensagens para a sua equipe jurídica e garantiu que acionará a todos que participaram nas esferas penal e cível.
Divulgar dados pessoais é crime. Ameaçar e perseguir alguém, por qualquer meio, também. São crimes com previsão de penas que podem ultrapassar dois anos de reclusão. A associação de várias pessoas para a prática do crime, é um agravante que aumenta as penas previstas.
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