Eleições 2022

Em aceno a Zema, PT relembra 'relação republicana' entre Lula e Aécio

Em busca de manter voto “Luzema do 1º turno, coordenação da campanha sinaliza que não haverá retaliações por apoio do governador reeleito a Bolsonaro


Publicado em 05 de outubro de 2022 | 21:57
 
 
 
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Apesar de Romeu Zema (Novo) ter declarado apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), a coordenação da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acenou ao governador reeleito ao realinhar a estratégia em Minas Gerais durante o 2º turno nesta quarta-feira (5). O objetivo é manter os eleitores que votaram tanto em Zema quanto em Lula para assegurar a vantagem do ex-presidente em Minas, que, no 1º turno, foi de 563.307 votos.

O recado é que Lula, durante os dois mandatos à frente da presidência da República, teve uma relação republicana com o então governador Aécio Neves (PSDB). “Nós temos uma postura, o Lula já comprovou isso - só perguntar qual foi o tratamento que o ex-governador Aécio Neves teve na relação com o presidente Lula - de uma relação republicana. O Bolsonaro é antifederalista. Ele enfraqueceu os estados e os municípios”, criticou o coordenador da campanha de lula em Minas, deputado federal Reginaldo Lopes (PT).

De acordo com o deputado federal reeleito André Janones (Avante), Lula, se eleito for, manteria o bom diálogo dos dois mandatos anteriores com os governadores, sejam eles quais for. “Eu até diria que Lula, governando com governadores de oposição, se relaciona melhor do que Bolsonaro governando com governadores aliados”, enfatizou Janones, cujo partido, aliás, apoiou a reeleição de Zema e endossa a candidatura de Lula.

Para Janones, o eleitor vota em quem entende ser o melhor candidato. “A gente está fazendo política em 2022. Não estamos mais nos anos 1980, não estamos mais na política do café-com-leite. O eleitor vota em quem entende ser o melhor candidato. (...) O eleitor entendeu que Zema é o melhor para Minas. Ok, a gente discorda, mas precisa aceitar. Agora, não é porque o Zema decidiu apoiar o Bolsonaro que esse eleitor automaticamente vá com o presidente”, acrescentou.

Questionado, Reginaldo ponderou que o apoio de Zema a Bolsonaro é natural, já que há diferenças entre o governador e o PT sobre qual é o papel do Estado na economia. “Isso não impede que a gente tenha uma relação super republicana e que nós vamos apresentar uma pauta de país do qual nós acreditamos e eu tenho convicção que Minas será muito bem atendida nas suas reivindicações”, sinalizou.

Conforme Reginaldo, Lula irá se reunir com governadores logo na primeira semana de governo para propor um plano de obras públicas. “Minas Gerais é uma vergonha. A BR-381 precisa ser duplicada até Governador Valadares, a BR-040 até Juiz de Fora, a BR-262 até Vitória, a BR-116, que vai do Rio Grande Sul até o Rio Grande do Norte, é a única não duplicada ainda, a BR-251 de Montes Claros etc”, citou. Quando se reuniu com Bolsonaro na última terça (4), Zema reivindicou ao presidente justamente a duplicação das BRs-381 e 262.

Parte dos 5,8 milhões de Lula em Minas foram para Zema, já que o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), apoiado pelo ex-presidente, somou apenas 3,8 milhões. Reeleito com 56,18% dos votos válidos, Zema, por outro lado, ultrapassou 6 milhões de votos.

PT mobiliza bancadas de deputados de aliados

Paralelamente à sinalização a Zema, o PT irá levar para as ruas os deputados federais e estaduais, não só petistas, mas também aliados, para a campanha de Lula. O encontro realizado nesta quarta no hotel H2 Platinum, no Santo Agostinho, Centro-Sul de Belo Horizonte, por exemplo, reuniu, além de parlamentares do próprio PT, as deputadas federais eleitas Célia Xakriabá (PSOL) e Duda Salabert (PDT), as estaduais eleitas Bella Gonçalves (PSOL) e Lohanna França (PV), e os estaduais reeleitos Ana Paula Siqueira (Rede) e Professor Cleiton (PV).

Há o entendimento de que os deputados, que já encerraram as campanhas para a Câmara dos Deputados ou para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), poderão se dedicar exclusivamente à eleição de Lula. “O objetivo principal da reunião é uma maior participação dos deputados federais eleitos e reeleitos e outras lideranças que porventura não foram eleitas, mas têm um bom trabalho de base para ampliar a vitória no 2º turno”, projetou Janones.

Entre as lideranças sem mandato, o encontro aglutinou, por exemplo, o ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe (PSB), o presidente do PSB de Belo Horizonte, Rodrigo Célio de Castro, o ex-ministro do Turismo e da Secretaria de Relações Institucionais Walfrido dos Mares Guia e o ex-secretário nacional do Direitos Humanos Nilmário Miranda (PT).

Embora as demais visitas não estejam definidas, a primeira agenda de Lula em Minas já será no próximo domingo (9), quando visitará Belo Horizonte pela segunda vez na campanha. Ao contrário dos atos realizados no 1º turno na própria capital, em Montes Claros, no Norte de Minas, e em Ipatinga, no Vale do Aço, o ex-presidente fará um cortejo, não um comício, na região central de Belo Horizonte. O ato será similar a, por exemplo, o “CarnaLula”, realizado em 25 de setembro.

A coordenação ainda estuda dois itinerários. O primeiro é o mesmo do evento do dia 25, ou seja, os militantes se concentrariam na Praça da Liberdade e, em seguida, seguiriam pela Avenida Bias Fortes até a Praça Raul Soares, já que o percurso já foi avaliado. Por outro lado, há a opção de que a concentração seja em frente ao Edifício Arcângelo Maletta, no Centro, e, depois, desça a Avenida Augusto de Lima até a mesma Raul Soares. 

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