Eleições 2022

Lula diz que não é candidato de 'facção religiosa', mas, sim, do povo brasileiro

Petista ressaltou que a religião não deve ser usada “para fazer política e afirmou ainda que não usa o nome de Deus em vão, “como algumas pessoas usam


Publicado em 17 de agosto de 2022 | 10:23
 
 
 
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O candidato à presidência Luís Inácio Lula da Silva (PT) disse que não é “candidato de uma facção religiosa”, mas, sim, do povo brasileiro. Ele fez a declaração ao ser questionado sobre a baixa intenção de voto dos evangélicos nele, durante entrevista no quadro Café com Política, no programa Super N 1, da Rádio Super 91,7 FM, na manhã desta quarta-feira (17).

“Eu não sou candidato de uma facção religiosa. Eu sou candidato do povo brasileiro. Eu quero tratar evangélico igual católico, islâmico, judaicos. Quero tratar todas as religiões, inclusive a religião de matriz africana, com o respeito que todas as religiões devem ser tratadas. Não quero uma guerra santa no país. Eu não quero estabelecer rivalidade entre as religiões”, afirmou o ex-presidente Lula.

“Quero conversar com o cidadão e com a cidadã independentemente de religião. Não quero ser unanimidade, nem Jesus Cristo conseguiu isso. Quero obter a maioria do voto do povo brasileiro para fazer uma governança tranquila neste país”, emendou o petista.

Lula ressaltou que a religião não deve ser usada “para fazer política”. O petista afirmou ainda que não faz campanha religiosa e que não usa o nome de Deus em vão, “como algumas pessoas usam”.

Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira mostra que se dependesse só dos evangélicos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) venceria no primeiro turno. Bolsonaro tem 52% das intenções de voto do grupo, e Lula, 28%.

Lula minimiza condenações de políticos e diz que vai conversar com todos

Em outro momento, Lula disse que, se eleito, conversará com todos os políticos representados no Congresso Nacional. Ele minimizou denúncias e condenações de muitos deles, inclusive os do chamado Centrão, que hoje compõe a base de Bolsonaro, mas apoiou o governo do petista. 

“O Centrão não é partido político. É um conjunto de forças políticas que se une de quando em quando a qualquer pessoa que tiver no governo na medida em que eles participem do governo. Eu, obviamente, vou conversar com todo mundo, porque não há como governar sem conversar com todo mundo”, disse Lula.

O ex-presidente afirmou que, em um eventual governo, vai trabalhar para desenvolver um projeto com medidas concretas e, dessa forma, “conversar com essa gente para que não fique fazendo conversa casual”. “É muito melhor você fazer um acordo programático com os partidos políticos e governar o País por quatro anos com uma certa tranquilidade”, ponderou.

Questionado sobre dialogar com nomes como Roberto Jefferson, candidato à Presidência pelo PTB, e Valdemar Costa Neto, presidente do PL – ambos condenados no Mensalão –, Lula minimizou, dizendo que os dois não representam seus partidos

“Eu posso conversar com PTB sem precisar conversar com Roberto Jefferson. Eu posso conversar com PL sem precisar conversar com o presidente do PL”, disse Lula. “O que é importante é que você estabeleça uma política de conversação com as pessoas que têm mandato, com lideranças que estão no Congresso Nacional para poder restabelecer uma política de boa convivência no Brasil”, completou.

O petista ainda alegou que os condenados cometeram “erros” mas que a “vida” segue, após as punições pela Justiça.

“Essas pessoas cometerem erro, cometeram crime, foram julgadas mas essas pessoas estão livres e estão fazendo política. Não pode criminalizar porque a pessoa cometeu apenas crime, mas ele já foi julgado, já foi processado, já foi absolvido ou já cumpriu a sua pena. E a vida que segue. E aí você tem que conversar com as pessoas”, ressaltou o ex-presidente.

Lula diz que Bolsonaro estava ‘muito incomodado’ na posse de Moraes no TSE

Lula disse também que Bolsonaro estava “muito incomodado” na cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na noite desta terça-feira (16), em Brasília.

“Bolsonaro estava muito incomodado. Ele ouviu tantas vezes a palavra democracia, tantas críticas à fake news. Era visível a cara dele de constrangimento”, disse o ex-presidente petista. 

“Eu compreendo o constrangimento do Bolsonaro, porque ele está sempre desaforando a Justiça eleitoral, desacreditando as urnas eletrônicas”, ponderou Lula. O petista destacou que o evento desta terça mostrou a força da democracia. “Foi um ato da civilidade. Um ato para quem gosta da democracia, para quem respeita a democracia”, destacou. “Ontem foi um sinal muito forte da sociedade brasileira, dizendo que a maioria quer a soberania, quer a democracia”, completou. 

Lula destacou que Bolsonaro não trocou uma palavra com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que estava ao lado dele. “Acho isso muito estranho, pois é normal, em uma democracia, a gente conversar, as autoridades se falarem em um evento como esse”, observou. “Ele (Bolsonaro) nunca viu tanta quantidade de ar que a democracia estava respirando. Por isso ele estava incomodado”, emendou o petista.

Lula faz primeiro grande comício de campanha em BH, nesta quinta

Sediada em Belo Horizonte, a Rádio Super 91,7 FM integra o grupo Sempre Editora, do qual também faz parte o jornal e o portal O TEMPO. A entrevista acontece um dia após o início oficial da campanha eleitoral e na véspera do primeiro grande comício da campanha de Lula nas eleições deste ano, que será realizado na Praça da Estação, às 16h, nesta quinta-feira (18), no centro de Belo Horizonte. 

O evento ainda será a primeira oportunidade de palanque que irá reunir Lula ao lado do candidato ao governo de Minas Alexandre Kalil (PSD), o candidato a vice-governador André Quintão (PT) e o candidato à reeleição para o Senado Alexandre Silveira (PSD).

Minas Gerais é o segundo maior colégio eleitoral do Brasil com mais de 16,2 milhões de eleitores. Diante disso, tanto Lula quanto o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro tentam ganhar os votos dos mineiros em outubro ao prestigiar o Estado logo no início da corrida eleitoral.

Lula estreia nas redes com vídeo focado na recuperação econômica

A campanha do ex-presidente Lula estreou com um vídeo focado na recuperação econômica e que resgata o mote da esperança, também usado nas eleições de 2002, quando foi eleito pela primeira vez.  A peça publicitária foi divulgada nas redes sociais do petista.

"Começou oficialmente a campanha eleitoral. Peço a Deus que ilumine essa caminhada. Eu quero ser presidente para mudar de novo a vida do povo, porque do jeito que está ninguém aguenta mais. A fome voltou, a inflação está assustando as famílias e o salário mínimo mal dá para uma cesta básica. Vamos ter muito trabalho para reconstruir esse país", afirmou o petista no conteúdo compartilhado.

Em seu primeiro ato da campanha oficial, terça-feira (16), na cidade de São Bernardo do Campo (SP), Lula reagiu incisivamente contra a desinformação divulgada por bolsonaristas e pelo próprio presidente de que um eventual governo petista vai fechar igrejas evangélicas.

Assista a entrevista de Lula ao Café com Política na íntegra:

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