Parte dos candidatos do PSD aos cargos de deputado federal e estadual articulam nos bastidores para garantir repasses do fundo partidário da sigla para financiamento de suas campanhas. Um grupo no WhatsApp foi criado para cobrar o diretório estadual. Uma reunião para discutir o tema deve acontecer na noite desta quinta-feira (1º), conforme fontes ouvidas por O TEMPO.
A reportagem ouviu três candidatos que integram esse grupo de WhatsApp. A principal queixa deles diz respeito ao repasse de R$ 16 milhões do PSD para a campanha do ex-prefeito de BH, Alexandre Kalil, ao governo de Minas. No Estado, além do candidato ao Palácio Tiradentes, oito candidatos receberam a mesma fatia da sigla: R$ 900 mil. O deputado estadual Cássio Soares teve acesso a uma fatia menor, de R$ R$ 585 mil.
Entre aqueles que receberam R$ 900 mil estão vários postulantes que tentam a reeleição para a Câmara dos Deputados, como o subtenente Gonzaga, Stefano Aguiar, Misael Varella e Diego Andrade. Há outras figuras menos conhecidas, como o ex-vereador de Passos, no Sul de Minas, Renato Andrade, que também recebeu essa quantia.
"Está uma revolta total do PSD em relação ao fundo partidário, que não foi repassado nem R$ 1 do que foi combinado. Está para ter uma renúncia em massa dos candidatos. Apenas aqueles que têm mandato (de deputado federal) receberam. Eles (os insatisfeitos) estão muito revoltados. Não estou pensando em acompanhar isso (renunciar), mas estou observando. Isso vai atingir violentamente a campanha do Kalil", disse um dos candidatos ouvidos pela reportagem, que preferiu não se identificar.
Outro candidato do PSD diz que a falta de repasse prejudica a campanha. “Sem esse dinheiro, fica complicado concorrer e fazer campanha. Compromete demais. Estamos esperando até semana que vem. Foi me dito que o diretório estadual ainda não recebeu recurso, por isso não enviou (aos candidatos parcelas do fundo eleitoral). Mas, com isso tudo pro Kalil, sabemos que será pouco”, afirmou outro.
Um terceiro candidato traz na foto de perfil no WhatsApp uma imagem sua ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL), principal adversário de Lula (PT), que tem o palanque do PSD em Minas. “Eu não faço campanha com a imagem do partido. Até dispensei a gravação (de publicidade no horário político) para não aliar minha imagem ao PT. Depois dessa reunião de hoje, teremos um panorama mais claro do que vai acontecer. Mas, há uma insatisfação com certeza”, diz.
Os R$ 16 milhões recebidos por Kalil do PSD é a maior fatia repassada pela sigla entre todos os candidatos da sigla nessas eleições, conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para efeito de comparação, Ratinho Júnior, que tenta a reeleição pelo partido no Paraná, recebeu R$ 4 milhões do diretório daquele estado para financiamento de sua campanha.
A reportagem procurou o PSD em Minas Gerais para obter posicionamento e aguarda o retorno.