O candidato ao governo de Minas Gerais Alexandre Kalil (PSD) afirmou que, caso eleitor for, irá “tirar a Secretaria de Meio Ambiente das mãos da Federação das Indústrias do Estado de Minas (Fiemg)”. Em agenda de campanha, o ex-prefeito participou, neste sábado (10), de uma plenária com ambientalistas organizada no próprio comitê central, no Bairro Santo Agostinho, Zona Sul de Belo Horizonte.

De acordo com Kalil, a pasta será entregue a ambientalistas. “Nós não podemos entregar o meio ambiente pra mineradora tomar conta”, pontuou em coletiva de imprensa. “Então, nós temos que tirar a Secretaria do Meio Ambiente das mãos da Fiemg, porque há anos são eles que mandam nisso”, acrescentou o ex-prefeito de Belo Horizonte, que, com 21,6% das intenções de voto, está atrás do governador Romeu Zema (Novo) na corrida para o Palácio Tiradentes.

Para Kalil, a manutenção do então secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Germano Luiz Gomes Vieira, mesmo após o rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, 2019, seria uma “prova cabal” da influência da Fiemg. “Agora, quem vai mandar na Secretaria de Meio Ambiente é quem entende de meio ambiente. Nunca na história deste Estado (a secretaria) foi entregue de forma tão irresponsável”, criticou.  

Antes, o ex-prefeito de Belo Horizonte já havia acusado a Fiemg, ao lado de mineradoras, de tentar “corromper” os envolvidos na elaboração do Plano Diretor de Belo Horizonte. “Enquanto a Fiemg foi lá para dentro tentar fazer o que havia de mais feio, que é corromper, eu convoquei a imprensa e avisei que ia dar o nome dos corruptos e dos corruptores”, contou o candidato.

Então, Kalil falou que há um “temor” quanto à própria candidatura, já que, conforme ele, a Fiemg e as mineradoras saberiam que “vai vir chumbo grosso”. “Eles sabem como eu enfrento minerador, eles sabem como eu enfrento bilionário, eles sabem como eu enfrento esse povo”, apontou. Em seguida, o candidato afirmou que o Novo não utiliza o fundo eleitoral porque é financiado pela Fiemg e pelas mineradoras.

Procurado por O TEMPO, Zema afirmou que Kalil, “desesperado pelos resultados de todas as pesquisas que apontam o governador em primeiro lugar e vencendo no 1º turno, parte para baixarias, mentiras e ataques”. “A campanha do governador Zema vai permanecer no rumo certo das propostas para o futuro de Minas, mantendo o foco em consertar os estragos que o PT-Pimentel, que está junto com o adversário, deixaram para os mineiros pagarem”, completou, em nota encaminhada pela campanha.

Já a Fiemg, também procurada, ainda não se manifestou. Tão logo a entidade responda, o posicionamento será acrescentado à reportagem.

A plenária reuniu lideranças de instituições e movimentos sociais em defesa do meio ambiente, como, dentre outros, o coordenador-nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Joceli Andrioli, a presidente da Cooperativa Solidária dos Recicladores (Coopersoli), Silvana Leal, membros do Fórum Permanente São Francisco, Euler Cruz e Júlio Grillo, o representante do Movimento Eu Rejeito Barragens, Renato Mattarell, e a representante do Movimento Salve a Mata do Planalto, Margareth Ferraz.