Já estamos no segundo semestre, momento em que muitos costumam fazer um checklist das metas estabelecidas na virada de 2024. Um dos desejos mais comuns do brasileiro é trocar de carreira ainda este ano. Pesquisa da Catho, plataforma online que conecta candidatos a empresas e vagas no mercado, revela que 42% dos profissionais no país pretendem fazer essa transição antes do apagar das luzes de 2025. Mas será que a mudança é fácil? Quais estratégias devem ser usadas por aqueles que almejam novos ares? 

Acostumada a conviver com as dúvidas e questionamentos de muitos alunos sobre os rumos da carreira, a coordenadora dos cursos de Direito, Gastronomia, Gestão e Negócios, e Licenciaturas do Centro Universitário UniBH, integrante do Ecossistema Ânima, Marília Couto, afirma que o principal desafio para quem busca um realinhamento profissional, na maioria das vezes, não é técnico, é emocional. “Enfrentar o medo do novo, sair de uma zona de conforto, onde já temos experiência, e nos colocar de novo no lugar do aprendiz exige coragem. Muitas pessoas se perguntam: ‘Será que eu vou dar conta? Será que já não passou o tempo?”. 

Nesse sentido, a especialista, que é professora de Vida & Carreira na Ânima Educação, enfatiza, com segurança, que aqueles que se permitem recomeçar, independentemente da idade, geralmente, se redescobrem com ainda mais potência. “A maturidade ajuda muito nesse processo: pessoas mais experientes sabem o que querem, estão mais focadas e geralmente mergulham nos estudos com mais clareza de propósito”, pontua.

Ainda de acordo com a docente, planejar a transição não significa ter todas as certezas, mas sim o início da construção de um caminho viável, consciente e possível. “O medo nesse momento é natural. Ele protege, mas também pode paralisar. Por isso, costumo dizer para os meus alunos trocarem o temor pela mudança pelo medo de permanecer onde você não floresce mais. O novo sempre assusta, mas também é no novo que a gente se reinventa”.

Gastronomia

A reinvenção, por sinal, vem sendo o mantra que rege a vida do engenheiro civil, Geraldo Mendes, que após os 50 anos trocou os projetos e planejamentos de construção pelos sabores da cozinha. Desde 2023 ele cursa o bacharelado em Gastronomia do UniBH, ofertado com a chancela da renomada Le Cordon Bleu, uma das escolas mais famosas do mundo, e afirma, taxativo, que essa foi a melhor troca que fez na vida. “A gastronomia era um sonho antigo, que fazia parte dos meus desejos profissionais desde os 20 anos, mas, infelizmente, essa não era uma escolha fácil na juventude”, revela acrescentando que, atualmente, já aposentado, e com a vida financeira estabilizada, decidiu, enfim, dar vazão ao caminho profissional que sempre almejou, sendo uma prova concreta de que nunca é tarde para as pessoas se dedicarem ao que realmente gostam.  

Atualmente, Mendes trabalha com eventos e ainda está à frente de um projeto social no qual dá aulas mensais de alimentação saudável para moradores de comunidades carentes em Belo Horizonte e Região Metropolitana. “Eu sempre quis desenvolver um trabalho no qual fosse possível, por meio do meu talento, ajudar o próximo, e nessa área foi onde consegui colocar em prática o meu propósito. Hoje, tenho a certeza de que trabalhar com o que você ama é viver seus melhores momentos de vida todos os dias”. 
 
Marília Couto deixa algumas dicas cruciais para quem quer mudar de carreira. A primeira delas é buscar apoio, conversar com profissionais da área desejada e ouvir histórias reais de pessoas que fizeram transições, o que pode ajudar a mostrar que o novo é possível. “E o mais bonito é perceber que, muitas vezes, a nova escolha não anula a anterior, ela soma.”

Segundo a especialista, fazer alguns questionamentos são sempre importantes, entre eles qual o propósito está por trás da mudança e como essa nova área dialoga com outras habilidades já adquiridas pelo profissional. “Uma nova graduação ou formação não precisa ser vista como abandono de uma trajetória anterior. Pelo contrário: ela pode ser um poderoso complemento, uma forma de agregar novas competências às experiências já acumuladas”, completa.