Música

14 Bis lança hoje seu mais novo disco, 'Acústico ao Vivo'

O projeto foi gravado em Santos, litoral sul de São Paulo; show será exibido por completo nas redes sociais da banda

Por Patrícia Cassese
Publicado em 24 de julho de 2020 | 16:53
 
 
 
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O registro foi feito em 2018, no Teatro Coliseu, em Santos, litoral sul de São Paulo.  E o fato de estar vindo à tona só agora, quase dois anos depois, tem, sim, a ver com a atual pandemia. É que, por conta de estarem sempre na estrada, incessantemente, os integrantes do 14 Bis acabaram não tendo tempo na agenda para mexer com aquele material, o que a atual quarentena acabou, por vias tortas, permitindo. Aliás, não fosse o lado triste de toda essa história, salienta Sérgio Magrão, eles diriam até que "alguém lá  de cima estava administrando tudo  isso". "De todo jeito, a gente fala que iria pirar não fosse isso", pontua, referindo-se a  “14 BIS Acústico Ao Vivo“, trabalho que já está nas plataformas musicais, mas que, neste sexta-feira, ganha um contorno a mais com a apresentação, a partir das 21h30, no canal do 14 Bis no YouTube,  das imagens do espetáculo que o gerou. 
 
A empreitada também está no bojo das comemorações dos 40 anos de trajetória do grupo mineiro. O novo projeto foi idealizado pelo empresário Roberto Mohamed, que também assumiu a produção executiva e a concepção artística. E o nome dele não é citado aqui apenas por razões técnicas. "O Roberto é um grande amigo nosso, ele é um reconhecido advogado que atua em Santos e que gosta muito de música. A gente se conheceu tempos atrás e, qunado tornou a se reencontrar, há cinco, seis anos, ele começou a idealizar coisas para a gente, pois conhece toda a história da banda", conta Magrão.
 
O álbum, 15º da trajetória do 14 Bis, reúne músicas dos quatro primeiros LPS do grupo, incluindo algumas faixas menos tocadas. "Não gosto de falar lado B, porque parece que são músicas que não aconteceram porque não eram tão boas, e não é o caso. São tão boas quanto as que foram mais divulgadas, tanto que as pessoas que acompanham o grupo mais de perto sempre cobravam (o retorno delas). Assim, resolvemos deixar de lado músicas como 'Todo Azul do Mar' e 'Espanhola', que já tocamos muito. Mas também tem muitas conhecidas", situa ele, referindo-se a faixas como "Bola de Meia, Bola de Gude", "O Sal da Terra", "Canção da América", "Caçador de Mim" ou "Planeta Sonho". A elas se junta a recentíssima  "Estrela do Dia (Mariana)", que aparece como faixa bônus por ter sido registrada em estúdio, ao contrário das demais. 
 
"A gente estava há 14 anos sem lançar nenhum inédita. Quando eu conheci a  Mariana, fiz a música, mas, veja, eu não sou letrista, então, fiz só a primeira estrofe. O Cezar (de Mercês), que está no DVD, e toca violão, tendo estado comigo no (grupo) Terço, eu me sentei com ele e contei que não saia mais nada. Ele veio com a ideia de, para além da Mariana, fazer uma homenagem a todas as mulheres, Fabianas, Julias.. E eu curti muito a ideia. Fizemos uma primeira demo, e o Ricardo Feghali fez um primeiro arranjo, mas ficou muito com nossa cara, minha e dele. Então, pedi ao Christiano Caldas para fazer um outro em cima daquele, para ficar a cara do 14 Bis. Assim, os dois assinam os arranjos. Gravamos e, mesmo sabendo que sou suspeito, acho que fiocu muito bacana, é mais radiofônica", conta Magrão. 
 
Além do show de agosto de 2018, que foi registrado, o 14 Bis fez outros shows (cerca de dez) com esse repertório. "E foram maravilhosos, com elogios à escolha das músicas. Acabou que funcionou. E ainda bem que deu para fazer essas apresentações, porque agora é todo mundo dentro de casa". Magrão também diz que o grupo não tem nada contra as lives, mas preferiu lançar assim até por questões técnicas. "Não adianta falar que lives têm som bom, o que acontece é que o nosso ouvido passa a aceitar melhor, e tudo bem, porque a gente está meio sem saída, neste momento. Mas esse CD e DVD vieram como uma benção, o som está perfeito, muito bom, e o teatro no qua gravamos é lindo". 
 
E já que a conversa foi parar na pandemia, Magrão conta que o 14 Bis perdeu nada menos que 20 shows. "Já fechados, com contrato assinado. O que pesa mais é que penso muito na equipe técnica, é o ganha-pão deles. Trata-se de uma situação muito delicada. Em março, a gente ainda acreditava que seria rápido, mas  foi tudo embora, nao vimos um centavo. A coisa foi se estendendo e, agora, só Deus sabe quando tudo isso vai acabar. Esse DVD veio também para a gente correr atrás, tentar alguma coisa remunerada. Não tão bem remunerada. Mas a gente acabou vendo também o que era uma falha nossa, não lidava muito com as redes socias", admite.
 
Sim, um verdadeiro pecado, se ponderarmos que, hoje, Sergio Magrão estima que 40 a 50% dos fãs do grupo está na faixa dos 15 aos 25 anos. "Além, claro, dos nossos contemporâneos, que são da nossa faixa etária. Aliás, trata-se de um público que aprecia o CD físico, e só não fizemos agora pelo fato de as fábricas estarem fechadas. Mas queremos, sim, em breve, inclusive poder assiná-los. E também colocá-los à venda no nosso site, que, vale dizer, tem outros produtos bem bacanas, como t-shirts".
Esse público começou a acompanhar o 14 Bis desde seus primórdios, no início dos anos 80.  "Naquela época, praticamente só existiam três grandes grupos, A Cor Do Som, Roupa Nova e 14 Bis, então, a gente entrava tranquilo ali (no cenário). A partir de um certo momento nos 80, a música foi para outro lado, e vieram Blitz, Titãs, Paralamas... E estou citando alguns dos que ficaram, depois de um pente fino, porque foram muitos mais. Mas o importante foram os dois primeiros anos  nos quais a gente teve o privilégio de ter Milton Nascimento como produtor, e a presença do Flávio Venturini nos oito primeiros anos. Veja, já tem 32 anos que ele saiu do grupo (para a carreira solo). Mas foi nesta época (dos primóridos) que a gente cunhou os nossos maiores sucessos, como 'Planeta Sonho'". 
 
Aliás, Magrão conta uma curiosidade dessa música. "Na época, não se falava em ecologia, a gente foi até criticado por essa letra. Diziam: 'Ah, só falam de natureza...'. Acho até que por isso mesmo (pela temática), a música cresceu (com o passar do tempo)".  
 
Seja como for, nestas quatro décadas, o 14 Bis está quase alcançando o marco dos três mil shows. Quando tudo voltar ao normal, certamente a baliza será comemorada a contento. Por ora, é o tal compasso de espera. "Fico brincando que vou arrumar uma poltrona com mola, para fingir que é de ônibus ou de avião, já que a gente viajava tanto. Enfim, a gente tem que se conformar, é o jeito... Mas vai passar".
 
O grupo 14 Bis, você sabe, é composto por Cláudio Venturini (violões e vocal), Vermelho (teclados e vocal), Hely Rodrigues (bateria e percussão), além do já citado Magrão (baixo e vocal). Não bastasse, tem Christiano Caldas (teclados) como músico convidado. O novo disco  conta ainda com a presença de Flavio Venturini, nos teclados, violão e vocal, nas canções: "Planeta Sonho", "Flor de La Noche", "Vale do Pavão", "Ciranda", "Queimada", "Doce Loucura" e "Linda Juventude".  

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