Em cartaz há mais de 20 anos na nova-iorquina Broadway e em outros teatros pelo mundo, "Wicked" chega às salas de cinema nesta quinta-feira (21 de novembro). A história não contada das bruxas de Oz, apresentada em forma de musical, transborda finalmente os limites dos palcos e encontra uma eternização definitiva nas telonas, onde as estrelas Cynthia Erivo e Ariana Grande dão vida e caras novas às protagonistas Elphaba e Glinda, respectivamente, a Bruxa Má do Oeste e a Bruxa Boa do Norte.

Paralelo à trama de “O Mágico de Oz”, de L. Frank Baum – com Dorothy e seus sapatinhos vermelhos –, “Wicked” detalha como os caminhos de bruxas tão antagônicas se cruzaram, curiosamente na universidade. A obra do compositor Stephen Schwartz é uma das maiores bilheterias da história da Broadway e foi baseada em “Wicked: A História Não Contada Das Bruxas De Oz”, onde o autor americano Gregory Maguire dá uma história de fundo para a vilã e detalha o mundo mágico no qual Dorothy se perde. 

"As pessoas nascem malvadas? Ou será que a maldade é imposta a elas? Afinal, ela tinha um pai e uma mãe, como muitos têm", questiona Glinda ao início do longa. É a personagem vivida pela estrela Ariana Grande que, de certa forma, narra os acontecimentos da vida de Elphaba. Nascida com a pele verde, algo incomum até na realidade fantasiosa, ela é renegada pelo pai e convive, desde bem cedo, com a repulsa alheia. Crescida e, então, vivida pela gigante do teatro, Cynthia Erivo, ela descobre que é dotada de magia.

Em “Wicked”, cores penetrantes contornam cenários capazes de deixar qualquer um boquiaberto. A sensação é de que toda estrutura que conquistou milhões de pessoas nos palcos se expandiu até transbordar e levar quem assiste diretamente à terra de Oz. Atuações brilhantes – e, neste ponto, é impossível citar só um nome ou outro – coroam uma história bem roteirizada e dirigida, daquelas que te prendem por mais de duas horas, enquanto te leva de gargalhadas às lágrimas em questão de segundos. Tudo isso coexiste com muita, muita música. 

Pode parecer clubismo, mas o longa dirigido por John M. Chu acerta em tudo. Até quem não é afeito ao estilo musical deve aceitar que, assim como canta a Glinda de Ariana Grande, a obra é fadada a ser "popu-u-u-lar". A garantia é tanta que, antes mesmo da estreia, “Wicked” já tinha uma sequência em produção, que deve chegar aos cinemas em novembro de 2025. A divisão equivale aos dois atos da peça, que, inclusive, terá uma nova montagem brasileira no próximo ano. 

Relação com ‘O Mágico de Oz’

Antes do musical de Stephen Schwartz, mas depois de Oz, Gregory Maguire decidiu dar uma história de fundo para a Bruxa Má do Oeste e a Bruxa Boa do Norte. Foi em “Wicked: A História Não Contada Das Bruxas De Oz” que a maldosa ganhou o nome de Elphaba Thropp e encontrou pela primeira vez a patricinha Glinda. Outros personagens, como a irmã de Elphaba, Nessarose, o príncipe Fiyero e o munchkin Boq também são apresentados ao público como estudantes da Universidade Shiz. O já conhecido Mágico de Oz é, agora, acompanhado pela professora Madame Morrible.

É aí que a linha do tempo pode acabar se confundindo. Tanto no livro, como na peça e no filme, “Wicked” funciona como uma versão estendida e mais detalhada de “O Mágico de Oz”. Todos os personagens coexistem, mas a famosa Dorothy ainda não é propriamente apresentada. O Homem-de-Lata, o Espantalho e o Leão Covarde (ah, e o Totó), que acompanham a jornada da menina pelo reino de Oz, também aparecem mais a frente. Nas telonas, os velhos conhecidos só chegam em “Wicked - Parte II”.

Versão brasileira 

“Wicked” já foi apresentado em mais de 100 cidades espalhadas por 16 países, incluindo o Brasil, onde a peça já recebeu duas montagens e terá uma terceira em 2025. Na primeira, de 2016, os figurinos e cenários foram trazidos da Broadway. Na de 2023, com produção 100% brasileira, a peça realizou um sonho de Stephen Schwartz ao fazer com que Elphaba voasse acima do público. Para o próximo ano, a promessa é de uma versão completamente reimaginada.

Em todas as versões brasileiras de "Wicked", diferente dos rumos da peça em outros teatros pelo mundo, as mesmas atrizes deram e darão vida a Elphaba e Glinda. Queridinhas do teatro local e dos aficionados pela obra de Stephen Schwartz, Myra Ruiz e Fabi Bang reprisaram os papéis nas três montagens exibidas em São Paulo. O gosto é tanto que as atrizes foram convidadas para compor o time de dublagem da versão brasileira, onde Myra é novamente Elphaba e Fabi repete a dose como Glinda.