A lembrança vem do irmão, Márcio Borges, letrista dos icônicos versos “os sonhos não envelhecem”. “Ele conta que, quando eu era criança, com seis, sete anos, subia em cima do contrabaixo como se fosse um cavalo e ficava puxando as cordas”, recorda Telo Borges em entrevista à rádio FM O TEMPO, numa demonstração do interesse musical que sempre o acompanhou.

Neste domingo (8), ele e seu outro irmão, Lô Borges, sobem ao palco do Natal na Serra para apresentar a terceira edição do “Clube da Esquina na Periferia”, projeto que teve início durante a pandemia e que se originou do espetáculo “Quatro Irmãos”, que reuniu Telo, Lô Borges, Flávio e Cláudio Venturini…

“A ideia era privilegiar o público que não pode ir aos teatros, pagar ingresso. Quando olho no rosto da dona de casa, daquele menino que está sentindo a emoção de uma oportunidade única, é diferente de tudo que já vivemos”, relata Telo.

O repertório com clássicos da história do Clube da Esquina, como o hino “Travessia” e canções do porte de “Trem Azul”, “Vento de Maio”, “Amor de Índio” e “Paisagem da Janela”, promete inebriar o público graças a “uma cultura acessível que se dá muito pela magia dos acordes e melodias”, diagnostica Telo. “É um repertório que pega pessoas de 70, 80 anos até crianças pequenas, de três, quatro anos”, orgulha-se o instrumentista mineiro.

Bola de meia, bola de gude 

Durante a conversa, Telo relembrou a relação com Beto Guedes, outro nome fundamental do movimento. “Eu tinha trauma do Beto porque uma vez ele isolou uma bola minha lá na rua Divinópolis, que furou e ficou presa num galho. Detestava o Beto, mas depois cresci e o perdoei”, brincou.

A conciliação foi tão firme que, durante doze anos, Telo integrou a banda de Beto. Em 1986, o parceiro de Ronaldo Bastos em “Sol de Primavera” vendeu 100 mil cópias pela primeira vez, com o LP “Alma de Borracha”, batizado com o título de uma composição de Telo. A retribuição veio quando Beto prestigiou o show de lançamento do primeiro álbum de Telo, “Vento de Maio”, em 1997.

“Ele ficou encantado com o tema instrumental que eu apresentei e sugeriu que a melhor pessoa para entender aquela harmonia era o Milton. Liguei para o Bituca e ele criou uma melodia linda e uma letra feita para mim e para o Beto, que dizia ‘como você pode pedir/ pra eu falar do nosso amor/ que foi tão forte e ainda é/ mas cada um se foi’”, cantarola Telo.

Registrada no disco “Pietà”, de 2002, “Tristesse” entrou para a trilha sonora da minissérie “A Casa das Sete Mulheres”, na Rede Globo, e ainda angariou o prêmio do Grammy Latino no mesmo ano. “Eu já estava feliz só com a indicação”, admite Telo, que, como seus pares, “não imaginava a dimensão que ia tomar o Clube da Esquina, nessa junção do Milton com os meus irmãos…”, arrematou. (com Nelio Souto)

Serviço

O quê. “Clube da Esquina na Periferia”, com Telo e Lô Borges

Quando. Neste domingo (8), às 17h

Onde. Rua da Passagem, no bairro Serra

Quanto. Gratuito