O segundo dia do C6 Fest, que ocupa o Parque Ibirapuera, em São Paulo, entrou no clima dos grandes festivais, com palcos abertos, intensa movimetação do público, áreas de alimentação e, naturalmente, muita música. Música que uniu as novas gerações a figurões já consolidados, nos palcos e na plateia.

O sol forte que batia na tarde desse sábado (18) na capital paulista não foi suficente para desanimar o público que chegou cedo ao Ibirapuera para acompanhar a primeira atração do dia - que tampouco se intimidou com o calor para botar ainda mais fogo nas pessoas.

Aliando soul, funk, hip hop e ritmos afrocaribenhos, o cubano Cimafunk abriu os trabalhos com vigor. Acompanhado de uma banda absolutamente competente, também protagonista no palco - e aqui vale ressaltar duas mulheres da tropa, que dançam, cantam e ditam o ritmo ao sax e trombone -, o artista fez sua estreia no Brasil deixando um gostinho de quero mais. Queremos sim. Inevitável dizer: um James Brown à cubana.

Cimafunk levou soul, hip hop e ritmos afro-caribenhos ao público. Crédito: C6 Fest/Divulgação

A representação tupiniquim do dia no evento veio do Norte, com Jaloo e Gaby Amarantos em um dueto alto astral, que manteve o público fiel ao tecnobrega e ao pop das artistas - faixa a faixa, o show foi cantado em uníssono pelos fãs da dupla.

Poderosas

Uma das propostas curatoriais do C6 Fest consiste em abrir espaço para novas gerações e artistas que, de certa forma, ainda são desconhecidos do grande público, formando line-ups de nichos. Tacada certeira, pois que não conhecia Ayra Starr, Raye e Romy, provavelmente agora vai acompanhar de perto a trajetória dessas três mulheres.

Nascida no Benim e criada na Nigéria, Ayra Starr chegou ao C6 Fest cativando o público com muita simpatia, sensualidade e um afrobeat com ares de world music. Vestida com as cores da bandeira do Brasil, a cantora não se intimidou e tomou conta do palco - com dançarinas ao seu lado, se arriscou no funk brasileiro, sensualizou e saiu com estrela pop - ela tem apenas 21 anos!

 

Esta já mais conhecida por sua atuação como guitarrista do grupo The XX, Romy veio ao festival com seu trabalho solo, "Mid Air", lançado no ano passado, e conduziu o público na palma da mão. A britânica, faixa a faixa, fez da tenda MetLife (um dos espaços de shows do evento) uma grande pista e botando a moçada pra dançar e cantar.

E se o C6 Fest vem promovendo a estreia de muitos artistas em solo brasileiro, Raye certamente vai ficar marcada na memória de todas e todos que puderam presenciar o espetáculo da cantora britânica.

 

Recordista do Brit Awards, o Oscar da música britânica, Raye chegou "chutando a porta". Aos 26 anos e acompanhada de uma banda requintada - na indumentária e na destreza sonora -, a artista uniou soul, hip hop, blues, R&B, eletrônico, numa apresentação única.

A cada canção, Raye conversava com o público, expondo particularidades, vivências, dores e amores - ela começou o show contando ao público sobre uma intoxicação alimentar por conta de uma ostra na noite anterior ao espetáculo, arrancando gargalhadas da plateia. Doce, sensual e selvagem, a cantora tem um quê de Eminem com Amy Winehouse... e que me perdoem as comparações, mas é preciso dizer. Prazer, Raye. Seja bem-vinda e volte sempre.

Gente grande

Se a proposta do C6 Fest está também em introduzir novas sonoridades ao grande público, há espaço também para pioneiros e veteranos. E nessa leva, Soft Cell e 2ManyDJs tomaram conta do espaço.

Para além do hit das pistas oitentistas (e atravessando as décadas) "Tainted Love", Marc Almond e Dave Ball trouxeram o púiblico pra bem perto, numa apresentação redonda, nada discreta e muito animada. Mais de 40 anos nessa vibe não é pra qualquer um e a dupla britânica soube bem aproveitar o momento com os fãs do Brasil.

Também numa energia saudosista e muito animada, os belgas David e Stephen Dewaele, que concretizam o 2ManyDJs, provaram o porque de terem ressignificados as pistas eletrônicas. Entre hits geracionais, deixaram a pista quente no Ibirapuera.

E se estamos falando de gente grande, aqui não é o caso de veteranos, mas de quem assumiu o posto de headliner e não se intimida com a responsabilidade de ser "a principal atração": Black Pumas.

O duo norte-americano, formado pelo vocalista Eric Burton e pelo guitarrista Adrian Quesada, arrebatou - mais uma vez. Desde sua primeira passagem pelo Brasil, no Lollapalooza de 2022, os artistas, ancorados por uma banda valiosa, são sempre aguardados para mostrar a sonoridade tão peculiar que conquistou milhares de fãs.

Propondo funk, R&B, rock e elementos jazzísticos, o Black Pumas sabe muito bem o que quer e entrega. Burton é daqueles frontmen intensos, que toma conta do palco e abraça toda uma plateia, independente do seu tamanho. Carismático, é rocker, romântico, sedutor e muito competente.

Fechando a Arena Heineken - o principal palco do C6 Fest - no sábado, o Black Pumas fez uma grande apresentação, de gente grande, com direito a cantor no meio da galera e bis - algo que parece reservado somente aos...grandes.

Solidariedade

Enquanto o Brasil ainda assimila toda a tragédia e a situação da população gaúcha com as inundações que assolaram o Rio Grande do Sul, a organização do C6 Fest anunciou uma ação solidária para ajudar as vítimas no Estado.

Os patrocinadores do evento - C6 Bank, Heineken e MetLife - vão direcionar os recursos que seriam destinados à ativação das marcas no festival para instituições que estão apoiando a população gaúcha. Os estandes das marcas, que ficariam espalhados pela área do evento, deram lugar a totens que também contam com QR Code para que o público que quiser colaborar com a iniciativa possa fazer sua doação.

O jornalista viajou a convite da organização do evento