O filme americano "Anora", do diretor Sean Baker, que conta com humor a relação entre uma stripper e um jovem herdeiro, recebeu neste sábado (25) a Palma de Ouro no 77º Festival de Cinema de Cannes. "Este filme é magnífico, está cheio de humanidade [...] nos dilacerou", declarou a presidente do júri, a diretora Greta Gerwig.

O musical em espanhol "Emilia Pérez", do francês Jacques Audiard, filmado no México, recebeu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes. As atrizes do longa-metragem (Karla Sofía Gascón, Zoe Saldaña, Selena Gómez e Adriana Paz), que narra a história de um narcotraficante que deseja mudar de sexo, receberam o prêmio de interpretação feminina do festival.

A espanhola Karla Sofía Gascón, primeira atriz trans a vencer o prêmio, recebeu a honraria em nome de todas as as intérpretes e dedicou o prêmio "a todas as pessoas trans que sofrem".

O americano Jesse Plemons venceu o prêmio de interpretação masculina em Cannes por seu papel no filme "Kinds of Kindness", do grego Yorgos Lanthimos.

O ator não estava em Cannes para receber o prêmio. No filme de Lanthimos, com três histórias paralelas, Plemons, de 36 anos, é manipulado por um personagem perverso, interpretado por Willem Dafoe, e não hesita em cumprir o que seu chefe exige, por mais terrível que seja.

Prêmio Especial do Júri

O cineasta iraniano Mohammad Rasoulof, de 51 anos, que fugiu de seu país, recebeu em Cannes um Prêmio Especial do Júri por seu filme "The Seed of the Sacred Fig".

O prêmio representa um símbolo de apoio aos artistas iranianos vítimas da repressão e uma consagração para um diretor que lutou contra a censura durante décadas. Ele optou pelo exílio no início do mês, após ser condenado pelo regime islâmico a uma pena de cinco anos de prisão sem direito a condicional e a receber chibatadas.

"A situação é grave em muitos lugares do mundo, mas quero dizer simplesmente a vocês que atualmente o povo iraniano é refém do regime", declarou Rasoulof.

"Estou muito triste, profundamente triste com a catástrofe que o meu povo vive todos os dias", acrescentou.

O filme, que foi recebido com aplausos de vários minutos em sua estreia em Cannes, é uma acusação contra o regime dos aiatolás. "Meus pensamentos vão para todos os membros da minha equipe (de filmagem) que não estão aqui hoje para comemorar", acrescentou.

(AFP)