A influenciadora se tornou símbolo do movimento tradicionalista “trad wife” — que exalta o estilo de vida em que mulheres abraçam valores tradicionais, como a dedicação aos trabalhos domésticos, a criação dos filhos e a submissão ao marido —, Hannah Neeleman, conhecida como “Ballerina Farm” nas redes sociais, está no centro de uma polêmica, que vem gerando debates sobretudo no TikTok e no X (antigo Twitter).

A controvérsia surgiu após a divulgação de uma entrevista de Hannah à revista “The Times”, que vem gerando muitas especulações.

Há quem acredite, por exemplo, que a influenciadora tenha dado a entender, em alguns momentos da conversa, que não escolheu o estilo de vida que leva atualmente, tendo sido influenciada, enganosamente, pelo marido, o bilionário Daniel Neeleman — que teria induzido ela a abandonar sua carreira de bailarina e se dedicar integralmente à criação dos filhos.

Com a repercussão negativa, um vídeo antigo voltou a viralizar nas redes sociais, reforçando a ideia de que a mulher seria explorada por seu companheiro — conforme argumentam os internautas. Nele, Hannah mostra o presente de aniversário que recebeu de Daniel: um avental com espaço para colocar ovos. À época, ela esperava ganhar passagens para a Grécia.

Quem é Hannah Neeleman

Com 7,4 milhões de seguidores no Instagram e 1,5 milhão no TikTok (@ballerinafarm), Hannah Neeleman compartilha sua rotina de criar oito filhos em uma fazenda na área rural do estado americano de Utah. Mas, no passado, ela foi aluna da Juilliard, uma das escolas de artes mais prestigiadas e concorridas dos Estados Unidos. 

Hannah conheceu seu marido, que é herdeiro de uma grande companhia aérea americana, enquanto ainda era estudante de balé. A relação evoluiu rápido: ficaram noivos em um mês, se casaram dois meses depois e, três meses após o casamento, ela engravidou do primeiro filho — tornando-se a primeira aluna da Juilliard a se tornar gestante durante o curso na história moderna da faculdade, conforme relata a revista. 

O casal chegou a morar no Rio de Janeiro, onde tiveram mais dois filhos, antes da família se mudar para Utah, quando Hannah abandonou a dança profissionalmente.

Juntos, eles contabilizam, até o momento, oito filhos: Henry, de 12 anos, Charles, de 10, George, com 9, Frances, de 7, Lois, de 5 anos, Martha, de 3, Mabel, de 2 anos, e a bebê Flora, que tinha apenas 12 dias de vida quando Hannah venceu o concurso “Mrs. America” — uma competição de beleza para mulheres casadas.

Como foi a entrevista

Na entrevista ao “The Times”, Hannah Neeleman foi questionada se a vida que ela leva — vivendo em uma fazenda, educando os filhos em casa, sem frequentar escolas — era o que desejava, ela negou.

“Não, meu objetivo era Nova York. Saí de casa aos 17 anos e estava muito animada para chegar lá. Eu amava aquela energia e sonhava em ser uma bailarina. Era uma boa bailarina. Mas eu sabia que, ao ter filhos, minha vida seria diferente”, disse Hannah em um dos raros momentos em que ficou sozinha com a equipe de reportagem. Durante a entrevista, na maior parte do tempo, Daniel esteve presente e participou das respostas.

O marido, que continua atuando profissionalmente, diz ajudar em algumas tarefas domésticas, mas reconhece que a maior parte do cuidado com os filhos fica a cargo de Hannah, já que eles não têm babás — pois Daniel não gosta de ter funcionárias circulando pela casa. Além de criar e educar as oito crianças, a ex-bailarina também realiza outras atividades domésticas, incluindo colher ovos, ordenhar gado e cozinhar.

Montagem com trechos de vídeos publicados por Hannah nas redes sociais
Montagem com trechos de vídeos publicados por Hannah nas redes sociais

Com tanto trabalho, o marido reconheceu que, às vezes, Hannah fica tão exausta que não consegue sair da cama por uma semana — momentos que não são registrados e compartilhados para os quase 10 milhões de seguidores que a influenciadora soma em suas redes sociais.

Todas as crianças nasceram em casa, exceto Henry e Martha, que nasceram em hospitais. Hannah também optou por não usar anestesia durante os partos, com exceção do parto de Martha.

“Eu estava duas semanas atrasada e ela pesava 10 libras (cerca de 4,53 kg), e Daniel não estava comigo…”, relatou, em outro momento em que ficou sozinha com a reportagem. “Então eu fiz uma epidural”, prossegue, fazendo menção ao procedimento em que um anestésico local é injetado no espaço epidural, coluna vertebral.

No dia em questão, o pai da criança supervisionava sua equipe, que estava envolvida com o envio de caixas de carne. Questionada pela “The Times” se o uso do anestésico foi bom, ela faz uma pausa, sorri e admite que sim.