O papel de Freddy Krueger, interpretado brilhantemente por Robert Englund, é fundamental para tornar a franquia “A Hora do Pesadelo” uma das mais importantes para o cinema. “O assassino se tornou um dos vilões mais reconhecíveis e duradouros do cinema”, vaticina a jornalista e crítica de cinema, Kel Gomes.

Uma porque ele ataca as vítimas em seus pesadelos, “provocando um tipo de horror que quebra a barreira entre essas duas dimensões e torna a narrativa ainda mais estimulante.” E outra porque a sua imagem marcante contribuiu enormemente para o sucesso do filme.

Freddy tem a pele desfigurada por queimaduras, veste um suéter listrado em verde e vermelho, usa um chapéu de feltro preto surrado, e, claro, está sempre na posse da sua luva de couro com garras de metal, principal instrumento usado por ele para matar as suas vítimas. 

“Importante destacar ainda sua expressividade muito própria: diferentemente de outros assassinos da ficção, ele não usa máscara”, aponta Kel. Esse foi o motivo, a propósito, que fez com que Robert Englund ficasse permanentemente associado à figura de Krueger, não conseguindo outros trabalhos relevantes no cinema depois do filme.

Outro ponto forte de Freddy Krueger é a sua personalidade. “Geralmente, o assassino slasher é uma figura não-verbal. Mas, desde o primeiro filme, Freddy apresenta um certo carisma, é uma figura que fala e que carrega um senso de humor”, comenta o professor de cinema José Ricardo da Costa Miranda Júnior.

“Até então, tínhamos personagens como Jason (“Sexta-feira 13”) e “Michael Myers” (“Halloween”), que são slashers que não falam. Eles perseguem as vítimas sempre na posição de stalker, nunca como um brincalhão, como é “Freddy Krueger”, complementa o cineasta Vinicius Daza Rodrigues.

"A Hora do Pesadelo" é o filme preferido de Vinicius Daza Rodrigues. Crédito: Arquivo pessoal

 

Na avaliação dele, o personagem é um “dos maiores slashers de todos os tempos.” “Até hoje, muitas pessoas vão a eventos caracterizadas de Freddy Krueger, fazem cosplay dele… Ele é um personagem que traz um pouco do terror para a cultura pop. E quando isso acontece, existe uma visibilidade muito grande desse tipo de filme, o que possibilita a criação de novas produções do gênero”, pontua Rodrigues.

Ele é criador do podcast que leva o mesmo nome do filme, em que, junto com seu sócio, Rogério Oliveira, falam sobre séries e filmes de terror, principalmente do cinema brasileiro. Eles também são autores do curta-metragem "O Sítio", que tem um personagem slasher baseado no "Corpo Seco" uma lenda do folclore. Assista aqui ao trailer.

Dessa forma, o filme abre as portas para novas produções, como “Pânico” (1996), também de Wes Craven. “Se não existisse ‘A Hora do Pesadelo’, dificilmente teríamos ‘Pânico’ ou outros grandes filmes do gênero slasher”, afirma Oliveira. O slasher, a propósito, continua rendendo produções no cinema contemporâneo. “O filme ‘X – A Marca da Morte’ é perfeitamente um slasher”, analisa o professor de cinema José Ricardo, citando a recém-lançada trilogia do diretor Ti West, que ainda contempla os longas-metragens “Pearl” e “MaXXXine.”