Com estreia nacional nesta sexta-feira (23), no Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (“CCBB BH”), o espetáculo “Um Jardim para Tchekhov”, que transita entre a comédia, o lirismo e o drama, com texto inédito assinado por Pedro Brício, narra a história de uma consagrada atriz de teatro, Alma Duran, vivida por Maria Padilha, e se propõe a discutir, com muito humor, os tempos de intolerância vividos no país.
“A expectativa é alta e vamos fazer bonito”, reconhece a atriz ao falar sobre a estreia em BH, cidade que, para ela, “é uma potência criativa”.
“É uma referência para o teatro, com o Grupo Galpão. Minas Gerais tem uma literatura deslumbrante, Guimarães Rosa, Drummond, tem a música, Milton Nascimento. É um público muito especial, atento, bem-humorado, irônico e tem o que considero uma das maiores qualidades do ser humano: a curiosidade”, afaga.
Formato
Na peça, que cumpre temporada na capital mineira até 16 de setembro, com sessões de sexta a segunda-feira, sempre às 19h, os limites entre realidade e ficção, comédia e drama, passado e presente, Brasil e Rússia vão sendo borrados enquanto o público acompanha a saga da protagonista, que vai morar em condomínio em Botafogo, no Rio de Janeiro, com sua filha, a médica Isadora, interpretada por Olivia Torres, e seu genro Otto, um delegado de polícia vivido por Erom Cordeiro.
Desempregada, ela começa a dar aulas de teatro para a estudante Lalá, personagem de Iohanna Carvalho, enquanto sonha em montar a peça “O Jardim das Cerejeiras”. Para a empreitada, recebe a ajuda de um desconhecido (Leonardo Medeiros), que afirma ser Anton Tchekhov.
Curiosamente, embora evoque o autor russo, o texto não é inspirado nele. “O tom tchekhoviano está na dualidade de emoções, nas tensões sociais, na aridez da violência, na intolerância. Por outro lado, há o afeto, a beleza, situações patéticas, risadas. É uma mistura de sentimentos, é sobre rir das nossas dores”, expõe Brício.
Reflexões e homenagens
Diretora da peça, Georgette Fadel sustenta que “Um Jardim para Tchekhov” reflete sobre a impermanência da vida. “O transitório está presente em diversas camadas do espetáculo, desde o texto à cenografia – com vários elementos que mudam de lugar nas cenas, que balançam. Temos bonecos ‘João Bobo’ representando personagens. O vento é um integrante da peça. O tempo todo está ventando, o que traz uma sensação de movimento, mostra que estamos vivos”, pontua.
Por sua vez, para viver a protagonista Alma Duran, Maria Padilha diz ter se inspirado não só no universo dramatúrgico do autor russo como também em divas do teatro brasileiro. “Ela tem muito de Marília Pêra, que foi minha primeira diretora, da Fernanda Montenegro, da Nathália Timberg, da Renata Sorrah, por quem sou apaixonada, da Marieta Severo, da Camila Amado. Admiro todas que vieram antes de mim, que construíram a história do teatro, como Cleyde Yáconis, Cacilda Becker, Dercy Gonçalves, Tônia Carreiro, Myriam Muniz”, ressalta.
Registra-se: partiu da atriz a ideia de fazer uma montagem envolvendo Anton Tchekhov, que atravessou o seu caminho, pela primeira vez, em 1999, quando ela atuou na peça “As Três Irmãs”, dirigida por Enrique Diaz.
“Me apaixonei por sua obra, pelo ser humano que ele foi. Desde então sonhava em montar uma peça dele, mas é algo grandioso, com muitos personagens e ficaria inviável financeiramente. Convidei, então, o Pedro Brício, com quem havia trabalhado no monólogo ‘Diários do Abismo’, que fez uma brilhante adaptação das obras da escritora mineira Maura Lopes Cançado. Como grande dramaturgo que é, ele criou a história original que se transformou na peça ‘Um Jardim para Tchekhov’”, elogia.
SERVIÇO:
O quê. Estreia nacional do espetáculo “Um jardim para Tchekhov”
Quando. Nesta sexta-feira (23), às 19h. Até 16/9. De sexta a segunda, às 19h
Onde. Teatro I do CCBB Belo Horizonte (praça da Liberdade, 450, Funcionários)
Quanto. A partir de R$15 (meia-entrada). No site ccbb.com.br/bh e na bilheteria do centro cultural.