Mineiro de Belo Horizonte Lucas Guimaraens será o poeta homenageado na segunda edição do Festival Literário Internacional de Paracatu, o Fliparacatu, projeto que já nasceu ocupando um espaço de destaque não apenas no circuito literário brasileiro, mas também internacional. Neste ano o evento será realizado de 28 de agosto a 1 de setembro. 

Assim como na edição inaugural, o Fliparacatu receberá grandes nomes para encontros, debates e palestras. Entre os convidados confirmados de 2024 estão a ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, além de diversos nomes do cenário artístico, literário e cultural como Conceição Evaristo, Djaimilia Pereira de Almeida (Portugal), Itamar Vieira Junior, Jamil Chade, Míriam Leitão, Paulo Lins, Sérgio Abranches, Sérgio Rodrigues,Tom Farias e Ailton Krenak (que também receberá homenagem, como autor), entre outros.

A escolha do poeta homenageado nesta edição se deu não apenas pela obra, mas também pelo reconhecido papel do escritor na defesa da poesia e da literatura. Hoje, aos 45 anos, Lucas já publicou sete livros entre poesia e filosofia, destacando-se tanto nacional quanto internacionalmente. Entre os trabalhos publicados no Brasil estão: “Onde (poeira pixel poesia)”; “”33,333 – Conexões bilaterais”; “Exílio – o lago das incertezas”; “Amarrar o corpo na lua 

Lucas Guimaraens ainda possui obras de filosofia publicadas na França relacionadas ao trabalho de Michel Foulcault e também de Jacques Poulain, além de livro de poemas. Publicações que tratam da dignidade humana e também sobre a escrita poética como patrimônimo imaterial da humanidade, realizando um recorte dos poetas mineiros, desde os inconfidentes até os chamados “letristas” do Clube da Esquina. Além disso existem ainda contos e outras narrativas assinadas por Guimaraens internacionalmente. Na França, estão: “Michel Foucault et la dignité humaine”; “Exil – le lac des incertitudes”; ‘L’écriture poétique comme Patrimoine immatériel de l’humanité”. 

O escritor também possui relevantes textos e ensaios críticos, como os dos compositores Milton Nascimento, Márcio Borges e Murilo Antunes e dos escritores Antônio Carlos Secchin (ABL), Cláudio Willer (Geração Novíssimos de São Paulo), Edimilson de Almeida Pereira, Jacyntho Lins Brandão (presidente da Academia Mineira de Letras), Ana Elisa Ribeiro, Adriane García, o filósofo francês Jacques Poulain, Afonso Henriques Neto entre outros. Seus poemas já foram gravados por renomados artistas, em suas contas de Instagram, como é o caso de Antônio Fagundes e Bruna Lombardi.

TRADIÇÃO

Lucas Guimaraens vem de uma linhagem de escritores que remonta 400 anos de poetas na família. Dentre os mais conhecidos estão Bernardo Guimarães, que escreveu o romance “A Escrava Isaura” e o poema erótico “O Elixir do Pajé”; Alphonsus de Guimaraens, poeta simbolista, autor de “Ismália”; João Alphonsus, poeta que se destacou como contista e foi responsável por introduzir esse formato literário no modernismo brasileiro; Alphonsus de Guimaraens Filho, integrante da geração de 45 do modernismo; e Afonso Henriques Neto, que fez parte da geração marginal, ou geração mimeógrafo, iniciando o movimento junto a Eudoro Augusto. 

E é então que chega o momento em que o galho da árvore genealógica encontra Lucas, que será o homenageado na edição deste ano do Fliparacatu, por meio da atriz Júlia Lemmertz. "Receber o convite como poeta homenageado do Fliparacatu foi um susto. Um susto bom e feliz. Ninguém escreve para si mesmo, ainda que seja de si mesmo que a gente fale –  e não somente. Então, quando há algum tipo de diálogo ou mesmo uma homenagem como essa significa que a literatura chegou aonde tem que chegar, que é nas mãos, nos olhos, na mente e no sentimento dos outros. É uma forma de criar empatia entre os seres humanos. Nesse ponto da vida só tenho como agradecer", disse. 

NOVO LIVRO

“Amarrar o corpo na lua”, seu título mais recente no Brasil, conta com prefácio do escritor e cofundador do movimento Clube da Esquina, Marcio Borges e capa que reproduz pintura do artista Fernando Pacheco. A obra é composta por 46 poemas construídos de forma coloquial, com conotação surrealista, divididos em três seções. Ao longo das 114 páginas, o leitor sorve, em doses sensíveis, poemas que refletem sobre vida, encontros e desencontros, sonhos, amizades, desejos e saudade.

A obra nasceu diante um período complicado de saúde da vida do autor, em que ele buscou nas palavras uma forma de enxergar a vida sob nova perspectiva. “A literatura não é uma novidade pra mim. Nem como escrita, nem como leitura. No entanto, esse livro teve um caráter especial. Ele veio exatamente pela necessidade de ver a dança da vida novamente. Há momentos em que você precisa de um novo olhar, para respirar de novo”, declarou o escritor.