Controladora, intrometida, desonesta, possessiva, descontrolada e falsa são alguns adjetivos recorrentes para qualificar o substantivo “sogra”. De mãe do cônjuge, essa figura foi alçada a ser mitológico desde tempos bíblicos, quando o evangelista Lucas escreveu que ficaria “sogra contra nora e nora contra sogra”. Essa rivalidade enraizada nas entranhas da sociedade é a pedra fundamental do reality show da Netflix “Ilhados com a Sogra”, que retorna nesta quinta-feira (2) para uma segunda temporada.
Serão seis famílias (veja abaixo) – cada uma formada por um casal e pela mãe de um dos cônjuges – que são confinadas em uma ilha paradisíaca em Alagoas. Genros e noras têm que trabalhar junto com as mães de seus parceiros para vencer as provas e ganhar o prêmio de R$ 500 mil.
Os resmungos começam já na escolha das acomodações: sogras, genros e noras invariavelmente culpam uns aos outros pelo “fracasso” de quem acaba no quarto pior. Na cozinha, além de comida, as sogras fazem críticas nada veladas à incapacidade das noras diante do fogão.
Os filhos acompanham de um bunker as trocas de farpas entre suas mães e seus maridos ou mulheres. As situações do programa refletem a realidade aqui fora – especialmente quando casais querem ter autonomia e privacidade, mas dependem financeiramente de um dos pais. No fim, o que seria uma prova de resistência e estratégia se torna uma divertidíssima sessão de terapia – ou lavagem de roupa suja – em público.
“Normalmente num reality você tem um participante ‘por ele mesmo’ tretando com todo mundo. Ali (em “Ilhados com a Sogra”) você tem um núcleo familiar para tentar resolver tretas que às vezes são de dez anos, às vezes eles não conversam entre si na vida. São realmente muito corajosos e expõem aqueles sentimentos todos, você vê o desenrolar de uma história, emoções gigantescas acontecendo, e isso é impactante para as pessoas, porque traz muita identificação”, reflete a apresentadora Fernanda Souza.
Emocionada antes da estreia do programa, ela conversou de casa com a reportagem sobre o limite entre apresentar e se envolver. “Eu tenho que ser o mais imparcial possível, mas eu sou permitida pela direção a liberar minhas emoções. Então, se eu realmente me emociono, eu posso chorar, botar pra fora os meus sentimentos”, explica.
A tarefa de mestre de cerimônias de pessoas em crise é árdua, mas ela não está sozinha. Quem realmente coloca lentes de aumento sobre as relações familiares são os editores. “São turnos e turnos de equipes, gravam-se 24 horas, e depois eles vão separando trecho por trecho”, revela.
Entre a gravação bruta e os episódios que chegam à Netflix, as equipes estudam a escalada de cada personagem. “Eles têm uma consciência muito grande de como cada família está escolhendo fazer – ou não – a sua transformação familiar e pessoal dentro do programa. A equipe se apaixona muito”, conta Fernandinha, ao explicar como a seleção de conteúdo vai “desenhando e contando o que aconteceu durante aqueles dias”.
A geminiana “dona” do programa não esconde a empolgação diante da possibilidade de “Ilhados com a Sogra” voltar ao top 10 mundial da Netflix, mas coloca os efeitos terapêuticos acima dos números. “Eu acho esse reality uma grande aula, um grande incentivo ao autoconhecimento, à escuta, empatia, amor-próprio, amor pelo outro, união, perdão. Ele vem para estimular as transformações das pessoas, e acho muito nobre que o entretenimento consiga fazer isso. É para isso que a arte serve, para humanizar e tocar as pessoas”, finaliza.
Os quatro primeiros episódios da segunda temporada de “Ilhados com a Sogra” chegam nesta quinta-feira à Netflix.
Conheça as seis famílias da segunda temporada de "Ilhados com a Sogra"
Time Araujo
A aposentada Valdiceia é mãe de Andressa e sogra de Henrique, que foi morar com as duas. Hoje eles conversam só o básico. Val já teve dificuldade de entender o relacionamento aberto do casal, se ressente do distanciamento da filha e insinua que o “Mozão” não se esforça muito.
Time Damasceno
A fotógrafa Rose, mãe de Mateus, era superamiga da nora, Jeu. Até descobrir que Mateus fez vasectomia com o apoio da esposa. Rose não consegue aceitar a decisão do casal de não ter filhos e considera a nora responsável por destruir seu grande sonho de ser avó.
Time Kashiura
Camila e Miguel conversaram online por mais de um ano antes de se conhecerem pessoalmente. Os conflitos começaram quando Miguel foi morar com a família da namorada. Hoje já têm a própria casa, mas Celine, a sogra, se sente afastada da filha Camila.
Time Mendonça
Após o casal Isabella e Raphael ir morar com a mãe dele, a corretora de imóveis Patrícia, as discussões entre as duas se tornaram constantes: elas brigam por tarefas domésticas, pelas prioridades de Isabella e pela criação das filhas do casal.
Time Queiroz
Larissa e André têm quatro filhos, o primeiro nascido enquanto os dois ainda eram ficantes. A aposentada Dora, mãe de André, cuida dos netos enquanto os pais trabalham, e a criação das quatro crianças é apenas mais um motivo de conflito com a personalidade forte da nora.
Time Sousa
A advogada e professora de dança Ioná acha que a nora, Ana Paula, quer “roubar” seu filho Antony – especialmente depois que o filho e a mulher foram morar em outra cidade. O casal ainda depende do apoio financeiro de Ioná, o que torna o relacionamento mais complicado.