Uma mistura de humor afiado e sensibilidade. A comédia “Duas Irmãs & Um Casamento”, com Maitê Proença e Débora Olivieri, estreia no Sesc Palladium, em Belo Horizonte, nos dias 18, 19 e 20 de abril (sexta e sábado às 20h, domingo às 19h). Escrita pelo dramaturgo inglês Peter Quilter e dirigida por Ernesto Piccolo, a peça, inédita no Brasil, já teve sucesso no Rio de Janeiro, São Paulo, Petrópolis e Brasília, após montagens em mais de 20 países.
A história acompanha o reencontro de duas irmãs na faixa dos 60 anos: Catarina (Maitê Proença), sofisticada e recém-divorciada, e Rosa (Débora Olivieri), solteira e independente, que se juntam em uma casa de campo para organizar um casamento.
Com humor sarcástico, no melhor estilo britânico, a narrativa explora temas como laços familiares, sororidade, etarismo, envelhecimento, solidão, autoestima e amor, misturando risadas e reflexões sobre a vida.
O etarismo, em especial, é tratado com peculiaridade, desafiando estereótipos sobre mulheres maduras. Em vez de caricaturas, Catarina e Rosa são retratadas como vibrantes, cheias de desejos e contradições, provando que a vida aos 60 pode ser tão intensa quanto em qualquer outra idade.
“É uma comédia inglesa com aqueles diálogos matadores, bem afiados mesmo, e que fogem do politicamente correto sem jamais cair na armadilha da vulgaridade. O autor colocou as piadas na boca de irmãs, uma relação que permite maior liberdade. Uma irmã é de bem com a vida, tranquilona, e a outra é mimada, em crise com a idade e separada do terceiro marido. Mas há surpresas e tudo evolui para um desfecho bonito e inesperado”, conta Maitê Proença.
Débora destaca a composição das personagens. “O figurino da Marília Carneiro, assim que as personagens entram, já fala sobre elas. Eu acho interessante que não precisa de diálogo, logo na primeira cena o público já entende quem é quem pelo estilo de se vestir. Então, é uma peça com duas protagonistas que vai mostrando, em cada cena, a personalidade de cada uma e o amor que elas têm uma pela outra, os jogos que elas faziam quando eram crianças”, explica.
O poder do humor
O texto de Quilter ganha vida com a química entre Maitê e Débora, que transformam conflitos e confissões em momentos de conexão. “Você ri e você se emociona. Tem umas tiradas, um texto ácido e engraçado. É uma peça popular, não tem nenhuma elucubração política ou religiosa, mas mostra muito o lado humano dessas duas mulheres tão diferentes”, revela Débora.
Aclamada em peças como "O Diário de Anne Frank" e "Rosa" - pela qual foi indicada ao Prêmio Shell e ao Prêmio APTR de Teatro de Melhor Atriz - Débora ressalta que a montagem conta com sete esquetes e é bastante dinâmica. “É uma peça gostosa, leve, rápida, com diálogos muito frenéticos. O público ri muito e a gente depende dele. Se o público é frio, a gente tem que dar um gás para aquilo reverter. Mas, neste caso, não precisa de muito colorido porque o texto é muito bom”.
Já Maitê, a eterna Dona Beija, destaca o humor como ferramenta de reflexão. Ela enfatiza que a comédia permite abordar temas dolorosos (como etarismo e solidão) de forma acessível, conectando o público com suas próprias experiências sem sofrimento. “É a melhor maneira, porque as pessoas se encontram consigo mesmas sem ter que sofrer. O público acaba rindo do que acontece em sua própria vida”. E Débora reforça: “A comédia tem que ser tratada com seriedade, aí ela vira uma grande comédia”.
Expectativa
As atrizes estão com boas expectativas para a temporada em BH e não poupam elogios à receptividade da plateia mineira. “Os públicos são diferentes. Em São Paulo o pessoal é mais crítico, mais cabeça, quer uma peça mais conceitual. No Rio de Janeiro é um público bem leve, que quer sair de casa para se divertir. Brasília foi um sucesso, a gente esgotou os três dias com um público muito quente, muito feliz de estar lá. E assim será em BH, eu tenho certeza que vai ser incrível. Eu adoro o público daí, acho um público leve também, que gosta de se divertir”, destaca Débora.
E Maitê, que aproveitou a estadia em BH para participar do lançamento do box com clássicos de Agripa Vasconcelos sobre personagens femininas históricas na Academia Mineira de Letras nessa quinta-feira, destaca a característica do mineiro de ser respeitador. “Ele gosta de mostrar que apreciou, aplaude muito quando o trabalho merece”.
Sucesso
Peter Quilter e Ernesto Piccolo são os responsáveis por outro grande sucesso no Brasil: “Duetos”, protagonizado por Patricya Travassos e Eduardo Moscovis, que já atraiu mais de 100 mil espectadores em 14 cidades. No cenário internacional, a peça foi montada em mais de 20 países e traduzida para mais de 10 idiomas, reforçando a reputação de Quilter como um dos mais populares autores de comédia teatral contemporânea.
Serviço:
O que. “Duas Irmãs & Um Casamento”
Quando. 18 e 19 de abril (20h), 20 de abril (19h)
Onde: Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro, Belo Horizonte)
Quanto: de R$ 19,75 a R$ 150 no Sympla ou na bilheteria do teatro