Manuela Dias, autora, está tomando todos os cuidados para atualizar Vale Tudo. Inclusive, corrigir erros graves da primeira versão, que na época já incomodavam bastante.

No remake, Salvador (Antonio Pitanga), pai de Raquel (Taís Araújo), comprou uma casa no nome de Maria de Fátima (Bella Campos) ainda quando ela era criança, sem deixar bens. Ou seja, a vilã não enfrentou nenhuma burocratização, pois o imóvel já pertencia a ela por direito.

Na primeira versão da trama, o assunto foi abordado de maneira diferente. O avô da vilã simplesmente doou a totalidade da casa para Maria de Fátima, algo que a Constituição de abril de 1988 já mostrava que isso seria impossível, pois os avós não poderiam fazer esse tipo de doação.

Gil Ortuzal, advogado consultado pelo site Notícias da TV, se mostrou aliviado com o fato de Manuela Dias ter se atentado em atualizar a trama. “Não se pode doar a totalidade da casa à neta se for o único bem dos avós. No caso da novela [original], o avô doou uma casa à neta, preterindo a filha, que figura como herdeira necessária. Na vida real a filha poderia questionar esta doação inoficiosa em juízo, desde que o imóvel doado corresponda a mais da metade do total do patrimônio do avo”, explicou.

“Caso o avô possua outros bens cuja soma da metade seja maior que o valor da casa, a filha não terá êxito no pedido de anulação da doação, restando a ela eventualmente pedir alimentos a filha. Importante dizer que, para o direito, há coisas que são imorais do ponto de vista social, mas são legais”, acrescentou.