Um noite para remexer as memórias. Um desfile de clássicos dos anos 80 e de muitos outros sons que vêm atravessando décadas. Assim foram os shows de Zero e Plebe Rude, na sexta-feira (16), no Mister Rock. As duas bandas estão comemorando os 40 anos de seus primeiros lançamentos.
Pontualmente às 21h30, Guilherme Isnard, comandando o Zero, inicia os trabalhos, com um Mister Rock abarrotado. E ali se sucederam grandes músicas, como ‘A Luta e o Prazer’ (introduzida por uma versão acústica de ‘Eu Sei’, da Legião Urbana), ‘Centúrias’, a belíssima ‘Formosa‘, ‘Gravidade Zero’, ‘Os olhos falam’ e ‘Passos no Escuro‘, que batiza o primeiro disco da banda (1985).
Teve até homenagem às Gerais, em uma mistura de ‘Cais’, clássico de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, no disco Clube da Esquina (1972), com ‘Cada Fio um Sonho‘.
E seguiram, até fecharem com ‘Agora Eu Sei‘ e ‘Quimeras‘. O clássico vocalista é acompanhado por uma cravada banda, formada pelo baterista Gustavo Wermelinger, o tecladista Caius Marins, o guitarrista Daniel Viana, e Nivaldo Ramos no baixo.
Até aí, dois pontos a serem destacados. Isnard é como a bebida que o embala, o vinho. Quanto mais experiente melhor. Carisma, competência, elegância e uma presença de palco marcante. Cantou, brincou, dançou… Encantou. E depois do show, permaneceu à frente do palco até os últimos roqueiros irem embora, tirando fotos, dando autógrafos, cumprimentos, papos. A simpatia em pessoa.
E outro destaque ficou por conta da plateia. Mesmo antes de tudo começar, a turma já mostrava a que veio, cantando, em uníssono, músicas dos 80s no som mecânico, de bandas como Hojerizah, Uns e Outros, Titãs e por aí vai. E quando o Zero assumiu, a dobradinha continuou, sob a regência do ‘maestro’ Isnard.
Na sequência, depois de um rápido intervalo, chegou o guitarrista e vocalista Philippe Seabra e sua turma. Ao lado de Clemente Nascimento (guitarra e vocal), André X (baixo) e Marcelo Capucci (bateria), não deixaram a peteca cair. Com o tradicional discurso engajado, mandaram petardos como ‘Censura‘, ‘Seu Jogo’, ‘O Pêndulo da História’. Os destaques ainda estavam por vir. No repertório apareceu até um cover de ‘The Dead Heart’, clássico da banda australiana Midnight Oil, intercalada com ‘Revoluções por Minuto’, do RPM.
Clemente Nascimento, o eterno ‘Inocentes’, é um capítulo à parte. O cara é história pura. No palco, toca, canta, pula, se diverte. Ele comandou, inclusive, um cover do clássico ‘Medo‘, de 1986, da banda Cólera, que tinha como vocalista Redson Pozzi. Um dos precursores do punk brasileiro e altamente engajado, Redson morreu em setembro de 2011, aos 49 anos. Além das letras que deixou, ele foi um dos fundadores do Ataque Frontal, selo que lançou dezenas de bandas punks locais, e também trouxe nomes de fora.
Mas voltando ao Mister Rock, ‘Johnny Vai à Guerra (Outra vez)’ também apareceu na voz de Clemente. ‘Minha Renda’, ‘Sexo e karatê’ e ‘Proteção’ já davam o tom de despedida. E ela realmente estava próxima. Depois de rápida saída do palco, os quatro voltaram com ‘Bravo Mundo Novo’ e, como não poderia deixar de ser, encerraram com ‘Brasília‘ e ‘Até Quando Esperar‘. Ao final, todo mundo extasiado, encharcado de clássico.
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