Peça de teatro publicada em 1594 por William Shakespeare, “A Megera Domada” foi adaptada para uma novela da TV em 2001 pelas mãos do diretor Walcyr Carrasco. Mais de 20 anos depois, ocorre o caminho inverso: “O Cravo e a Rosa”, folhetim clássico das seis, ganha os palcos do teatro.

Com Marcelo Faria e Paloma Bernardi no elenco, o espetáculo reúne elementos da trama novelística e da peça shakespeariana e, depois de ter passado por cidades como Rio de Janeiro, Uberaba e Brasília, estreia em Belo Horizonte nesta sexta (9) e segue até domingo (11) no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas.

A montagem é ambientada na São Paulo do final da década de 1920 e conta a história de um amor tumultuado vivido entre Julião Petruchio e Catarina Batista. Na trama, Catarina é uma mulher independente e feminista que rejeita a ideia de casamento.

Por outro lado, seu pai, Batista, um político conservador, quer vê-la constituir matrimônio para se manter bem-visto diante da sociedade. Por isso, arranja um casamento entre a filha e Petruchio, um rude fazendeiro e endividado, que topa a ideia com objetivo de melhorar sua vida financeira. Acontece que, donos de gênios igualmente difíceis, Catarina e Petruchio vivem em pé de guerra até se apaixonarem um pelo outro.

Para adaptar a novela para o teatro, o diretor Pedro Vasconcelos focou em dois núcleos principais: as famílias de Catarina e de Petruchio. 

“Temos a família nobre de São Paulo, representada pela Catarina e por seus parentes, e a de Petruchio, um homem do interior, ligado à vida na fazenda, com muitos bichos e plantações. Neste núcleo há, por exemplo, a presença do Seu Calixto, uma espécie de gerente da fazenda, que na novela foi interpretado por Pedro Paulo Rangel e que agora ganha vida com o Marcello Gonçalves”, afirma o ator Marcelo Faria, intérprete de Petruchio e produtor do espetáculo. Paloma Bernardi dá vida à Catarina. 

Quando o espetáculo estreou, em agosto do ano passado, no entanto, os papéis eram ocupados por Isabella Santoni e Dudu Azevedo. Os dois deixaram a montagem por conta de outros compromissos.

“Como também sou produtor da peça e assistia aos ensaios, já tinha um registro da atuação do Dudu no papel. Então, inevitavelmente, tive essa referência. Ainda assim, busquei construir o meu próprio Petruchio, com meu jeito de atuar e uma nova proposta para ‘O Cravo e a Rosa’”, explica.

“A Paloma foi convidada para o papel para substituir a Isabella. Ela tem mais maturidade e combina melhor comigo em cena. E falo de maturidade em relação à idade mesmo, porque a Paloma tem 40 anos, e, eu, pouco mais de 50 anos. Já a Isabella tinha 28 anos quando a peça estreou. Isso poderia deixar a montagem um pouco desequilibrada”, salienta o ator.

Marcelo Faria conta que, para fazer a montagem, assistiu “só algumas coisas” de “O Cravo e a Rosa”. Tendo trabalhado também novela de época “Alma Gêmea”, ele conta que não é de acompanhar a teledramaturgia brasileira.

“Não assisti na época que estreou nem as reprises. Quando se faz muita novela, acaba sendo difícil acompanhar outras, mas com certeza os personagens são marcantes. Também sou muito amigo do Du Moscovis (intérprete de Petruchio na novela) e da Adriana Esteves (que deu vida à Catarina)”, comenta.

Além de Catarina e Petruchio, a montagem conta com Batista (João Camargo), Bianca Batista (Catarina de Carvalho), Mimosa (Rosana Dias), Seu Calixto (Marcello Gonçalves), Seu Etevaldo Praxedes (Carlos Félix, o cobrador) e Seu Venceslau Torres (John Garita).

“No núcleo da Catarina, temos a Bianca, por exemplo, que faz greve de fome para que a sua irmã se case. A Mimosa, funcionária da casa, é quem cuida das meninas e praticamente as criou, porque o pai, o doutor Batista, é uma figura sem autoridade real sobre as filhas. Quem mandava em casa era a mãe, mas, na ausência dela, as meninas foram criadas principalmente pela empregada. Paralelamente, há um cobrador que pressiona Petruchio por dívidas, trazendo à tona uma brincadeira recorrente sobre bancos e juros”, conta Faria.

“O espetáculo tem uma leveza muito bacana e é livre para todas as idades. Fala sobre família, diferenças e amor. A trama gira em torno de um homem que não sabe lidar com uma mulher, mas entende o que é amar, e acaba encontrando alguém em meio à necessidade de casar para salvar sua fazenda. A mulher em questão é feminista, moderna, e não quer se casar, porque rejeita o papel de dona de casa. É um espetáculo que fala sobre o encontro entre duas pessoas muito diferentes, que acabam se atraindo e se amando”, comenta o ator, destacando que, em alguns momentos, os atores interagem com o público.

“As pessoas cantam com o elenco em uma serenata e também chamamos alguém para subir no palco. Muitas vezes, pessoas que ficam tímidas no início acabam se soltando e participando. É um espetáculo sensível, lindo de assistir e ótimo para levar os filhos”, destaca.


SERVIÇO

O quê. Espetáculo “O Cravo e a Rosa”

Quando. Sexta (9) e sábado (10), às 20h, e domingo (11), às 19h. 

Onde. Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (rua da Bahia, 2.244, Lourdes) 

Quanto. Entre R$ 51 (Unimed-meia) e R$ 120 (inteira), à venda na bilheteria ou na Sympla