"Eu sabia que vinha para a Feira do Livro até que, desavisadamente, abro meu email e surge um convite para jogar futebol", conta Lázaro Ramos. "Eu aceitei e até agora não sei por quê. Não jogo bem e não faço a menor ideia da posição que vou ocupar. Também não tenho fôlego e sou sedentário".

Lázaro ria de si mesmo pouco antes de entrar em campo na manhã deste domingo (22/06), no estádio do Pacaembu, numa partida entre dois times de escritores. "Mas eu queria comemorar com os outros autores, então estou aqui morto de medo".

O ator e escritor foi um dos participantes das partidas que abriram o último dia da Feira do Livro, na Mercado Livre Arena Pacaembu. A partir das 10h15, dois amistosos - um feminino e outro masculino - reuniram editores, escritores e jornalistas. Participaram nomes como Roberta Martinelli, Guilherme Wisnik, Bruno Paes Manso, Tatiana Vasconcellos, Tiago Ferro, Antonio Prata, Julia Codo e Caco Galhardo.

No caso de Lázaro, o medo não se confirmou. O jogo masculino terminou empatado em 2 a 2, um resultado diplomático para quem entrou em campo mais pela celebração do que pela competição. Os gols do time branco foram marcados por Marcelo Antunes e Vitor Pamplona e, pelo time preto, Plácido Berci e Felipe Poroger.

Na partida feminina, o placar também foi 2 a 2, o que mostrou o equilíbrio entre todos os times. Pelo time azul, marcaram Nathalie Cappelletti e Suleima Sena. Já pelo time preto, os gols foram de Luana Maluf e Marcela Dantas.

Em clima descontraído, os autores e autoras improvisaram em campo em nome da celebração coletiva. Um dos destaques foi o poeta sírio-palestino Ghayath Almadhoun, único jogador internacional da rodada, que corajosamente assumiu a posição de goleiro e falou de sua relação próxima com o futebol brasileiro.

"Como os times do Oriente Médio não são tão fortes, é comum que as pessoas lá escolham outros países para torcer. Eu torço pelo Brasil desde criança e tenho centenas de fotos com a bandeira brasileira. Na minha família, somos três torcedores brasileiros e três italianos, então sempre tem briga na Copa do Mundo".

Ao comentar o desempenho dos colegas em campo, Almadhoun foi bem claro. "São todos escritores como eu, e nós geralmente não sabemos fazer nada além de escrever", brincou.

Sem a menor pretensão competitiva, os jogos funcionaram como uma extensão informal da programação da feira - com menos palavras, mais corrida e o mesmo espírito de encontro.