Já é julho, mas o clima segue junino em Belo Horizonte, especialmente nesta sexta-feira (11), que marca a abertura oficial da 46ª edição do Arraial de Belô.

Pelo segundo ano consecutivo, o estádio do Mineirinho, na Pampulha, é o cenário da festa que já se consolidou como o maior festejo junino das regiões Sul e Sudeste do país. Ao longo de dois fins de semana, a programação gratuita reúne 45 quadrilhas da capital mineira, no interior do ginásio, e apresentações musicais com artistas de projeção nacional e uma Vila Gastronômica recheada de sabores típicos, na esplanada.

Nesta primeira noite seis quadrilhas do Grupo de Disputa entraram nos tablados do concurso municipal, encantando a plateia com coreografias sincronizadas e trajes característicos, cheios de cores e movimento. Enquanto isso, na área externa, o grupo Manacá da Serra levou forró de raiz ao Coreto da Caixa, embalando os frequentadores entre um pastel de angu e um quentão, já se aclimatando para o show que encerra a noite, por conta da cantora Paloma Marques, que sobe ao palco às 22h.

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Quem chegou cedo foi o estudante de biomedicina Rangel de Paula, de 24 anos. No caso dele, tanta pressa é encarada como uma quase compensação: “Sempre gostei de festa junina, mas, quando era criança não ia muito porque meus pais são evangélicos e, na época, eles achavam que era pecado. Agora (que posso), vou em todas”, conta. 

Já Sara, de 9 anos, tem experiência bem diferente. Este é o segundo ano dela no Arraial de Belô. E o motivo para chegar cedo é outro: quer conseguir um bom lugar, ao lado da mãe, a designer gráfico Ana Carolina, de 46, para acompanhar a apresentação das quadrilhas, em que dois primos participam. “A gente vem para prestigiar, para torcer, fazer festa”, comenta, inteirando como quem guarda segredo: “E também pra comer”.

E para comer bem, opções não faltam. Um dos restaurantes mais disputados do Mercado Central, com direito a fila de espera em praticamente todos os dias da semana, o Casa Cheia, por exemplo, já atraia os mais famintos já começo do festejo.

Entre os carros-chefes, um clássico da casa adequado a noites frias como a desta sexta, cuja mínima alcança os 14°C.: o Mineirinho Valente.

“Estamos fazendo o que é tradição, que é esse prato, uma canjiquinha bem incrementada, que leva costelinha desossada cozinhada ao vinho, linguiça caseira, lombo defumado, queijo e espinhafre”, detalha Ilmar Antônio de Jesus, responsável pela tenda, acrescentando o restaurante já é habitué do Arraial de Belô.

Ao lado, o Zé da Onça seguia com aquele atendimento pró-ativo tão típico dos corredores do quadrilátero mais famoso da gastronomia mineira, convidando quem passava a uma pausa e conquistando compradores com pratos como o fígado com jiló, uma original e tradicional receita belo-horizontina, criado por trabalhadores do Mercado Central em uma época em que o lugar passava por obras, mas que rapidamente conquistou o paladar dos frequentadores do lugar.

Mas, entre os sucessos desta primeira noite, o clássico foi desbancado por outro: o tropeiro, tão pedido em eventos no Mineirão e Mineirinho,  como conta a atendente Tamires Peixoto. 

Já do lado oposto ao que reúne estabelecimentos nativos do Mercado Central estão as tendas das escolas de gastronomia. 

Por ali, a turma do Centro Universitário Estácio, por exemplo, criou para o evento uma porção de três pastéis de angu recheados com copa lombo suíno desfiado flambado na cachaça, ora-pro-nóbis e requeijão de raspa, acompanhados de molho de pimenta artesanal e molho à campanha.

A festa continua

No sábado (12/7), a festa começa mais cedo, às 15h, com nove quadrilhas do Grupo de Disputa e três do Grupo de Acesso se revezando nos tablados. A trilha sonora da Vila Gastronômica ficará por conta do Coletivo Fuzueiros, do grupo Kfé e Viola, do cantor Everton Coroné e da dupla Alan e Alex, que sobe ao palco às 22h30. Já no domingo (13/7), onze quadrilhas do Grupo de Acesso se apresentam e os shows incluem Chris Cordeiro, DJ Edgar, Mariana Aydar e Naiara Azevedo.

Um dos pontos altos da festa é o Concurso Municipal de Quadrilhas Juninas. Os grupos são divididos em três categorias – Grupo de Disputa, Grupo de Acesso e Grupo Especial – e avaliados por uma comissão que analisa critérios como conjunto, coreografia, caracterização, marcador e casal de noivos. As quatro melhores colocadas do Grupo de Disputa passam para o Grupo de Acesso no próximo ano; já as quatro melhores do Acesso sobem para o Grupo Especial. As premiações variam entre R$ 5 mil e R$ 14,8 mil.

A programação segue no fim de semana seguinte, nos dias 19 e 20 de julho, com novas apresentações de quadrilhas e shows de grandes nomes da música brasileira, como Fafá de Belém e Geraldo Azevedo.