Dirigido por Petra Costa, o documentário Apocalipse nos Trópicos chegou ao catálogo da Netflix em julho de 2025, após estreia mundial no Festival de Veneza em 2024. Aclamado pela crítica internacional, o longa analisa de forma crítica o papel do cristianismo evangélico no fortalecimento da extrema-direita no Brasil, com foco na trajetória de Jair Bolsonaro até sua reeleição em 2022 e os ataques golpistas de janeiro de 2023. A produção conta com o apoio da produtora americana Plan B, de Brad Pitt.
Ao longo do filme, Petra Costa investiga como o discurso apocalíptico — amplamente explorado em cultos e pregações — foi apropriado pela política nacional, contribuindo para consolidar uma retórica de medo e combate entre “bem” e “mal”. A diretora acompanha eventos como o impeachment de Dilma Rousseff, a eleição de Bolsonaro e o enfraquecimento de instituições democráticas, destacando a influência direta de pastores e líderes evangélicos em decisões do governo, inclusive durante a pandemia de Covid-19.
Visualmente forte e narrativamente envolvente, o documentário mescla imagens de cultos religiosos, entrevistas exclusivas com nomes como Lula, Bolsonaro e Silas Malafaia, além de registros históricos. Com tom investigativo, Petra Costa utiliza sua própria narração para refletir sobre o avanço da fé como ferramenta de poder. O filme também alerta para os riscos de uma democracia ameaçada pela aliança entre religião e populismo político.
A recepção do longa foi majoritariamente positiva. Críticos destacaram a ousadia da diretora em tratar o tema com profundidade e sensibilidade. A fluidez narrativa e a força das imagens foram elogiadas, embora alguns especialistas tenham apontado um desequilíbrio na representação das diferentes vozes ouvidos no documentário. Ainda assim, Apocalipse nos Trópicos desponta como um dos mais importantes retratos políticos do Brasil contemporâneo, e um alerta urgente sobre o impacto da religião na política do século XXI.
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