O documentário Apocalipse nos Trópicos, novo trabalho da cineasta Petra Costa, tem gerado repercussão desde sua estreia na Netflix na última segunda-feira (14). A produção investiga o impacto do fundamentalismo religioso na política brasileira e levanta a pergunta central: Quando uma democracia termina e uma teocracia começa?

Ao longo dos 110 minutos, Petra analisa o papel crescente do movimento evangélico no cenário político nacional, especialmente após a eleição de Jair Bolsonaro em 2018. O longa traz depoimentos de nomes como Silas Malafaia, Cabo Daciolo, Luiz Inácio Lula da Silva e o próprio Bolsonaro, além de traçar conexões com o avanço da extrema direita nos Estados Unidos, sob a influência de grupos como The Family e da doutrina do dominionismo.

A recepção do público tem sido dividida. Enquanto alguns internautas elogiam a produção como “necessária” e a definem como uma “obra-prima”, outros criticam o tom solene da narração e a falta de profundidade em certos trechos. O jornalista André Guerra, por exemplo, classificou o documentário como pouco eficaz em sua análise histórica, enquanto outros usuários destacaram a coragem da diretora ao abordar um tema tão delicado.

Com estreia nos cinemas em 3 de julho, Apocalipse nos Trópicos amplia a abordagem iniciada em Democracia em Vertigem, indicado ao Oscar em 2020, e revela a inquietação pessoal da diretora, que leu a Bíblia pela primeira vez durante a produção. O documentário também expõe como a ausência da esquerda em comunidades populares abriu espaço para o crescimento evangélico — um movimento que hoje representa mais de 30% da população brasileira e cerca de 20% do Congresso Nacional.

A nova obra de Petra Costa reacende o debate sobre os limites entre fé e Estado em um país cada vez mais polarizado.

Você está lendo um conteúdo originalmente publicado no Observatório da TV. Confira mais em: https://observatoriodatv.com.br