Após elogiadas temporadas em São Paulo e Fortaleza, o musical “Clara Nunes – A Tal Guerreira” chega a Belo Horizonte para quatro apresentações neste fim de semana – mais precisamente de sexta (18/7) a domingo (20/7), no Grande Teatro do Palácio das Artes (detalhes no fim da matéria). Se antes a missão de interpretar a cantora mineira coube a Vanessa da Mata, uma das idealizadoras do projeto, agora quem vive Clara nos palcos é Emanuelle Araújo.

Com direção e encenação de Jorge Farjalla, que também assina o texto do musical ao lado de André Magalhães, o onírico “Clara Nunes – A Tal Guerreira” recorre à fantasia para contar a trajetória de uma das maiores cantoras deste país, desde as raízes em Minas Gerais ao reconhecimento nacional no Rio de Janeiro, passando pelo sucesso em BH, os amores, o encontro com o sincretismo religioso (o candomblé, a umbanda e o catolicismo), que tanto marca sua obra tão diversa.

Clara Nunes, entre o terreno e o celestial, é conduzida pelos seus orixás e pela amiga e confidente Bibi Ferreira, vivida por Carol Costa. Ela ainda se encontra ligada ao plano físico ao mesmo tempo em que precisa entender a travessia entre esses dois mundos: a vida e o que vem depois dela – a eternidade.

A atriz e cantora Emanuelle Araújo já havia assistido o espetáculo quando, em março deste ano, recebeu o convite para ser a protagonista: “Diante de todo meu amor pela Clara, eu sabia que tinha que me dedicar totalmente. Mesmo com outros compromissos, não pensei duas vezes”.

Após um intenso período de pesquisa, em que ela pôde reviver histórias de sua infância, quando o pai colocava Clara Nunes para tocar na sala de casa e os clipes dela eram exibidos “Fantástico”, mostrando uma artista cuja força imensa já a influenciou instantaneamente, Emanuelle começou a ensaiar para a estreia da nova temporada, que acontece exatamente agora na capital mineira.

“Foi tudo muito bonito, me deparei com muitas memórias. Sou uma artista apaixonada pelo processo, é onde nasce tudo. Depois da estreia, a peça já não é nossa, é do público”, comenta.

Nascida em Caetanópolis, a cerca de 100 km de BH, em agosto de 1942, Clara Nunes morreu precocemente aos 40 anos, em abril de 1983, no Rio de Janeiro. No início da década de 1960, despontou em programas de rádio e TV. O primeiro disco não demorou a ser lançado e, dali em diante, a cantora alcançou sucesso comercial e de crítica e se afirmou como uma das mais importantes intérpretes da música popular brasileira, como será sempre lembrada.

“O que fazemos é uma grande homenagem e também rememoramos a importância da Clara para a nossa cultura. É uma história de força, de fé na vida, da potência da brasilidade, do brilho da miscigenação, de beleza do espírito feminino, que suplantava a beleza física. Ela tinha uma aura muito potente”, ressalta Emanuelle.

Ao revisitar a trajetória pessoal e artística da mineira, a atriz teve o cuidado de não imitar quem tanto a inspirou. Se “Clara Nunes – A Tal Guerreira” costura o concreto e o etéreo, o terreno e o divino, Emanuelle também se dispôs a transitar nesse entrelaçamento para construir sua própria personagem com beleza, sutileza e poesia.

“Existe uma caracterização fidedigna, mas o musical quer mostrar a aura dela. Além de ser uma grande cantora e uma grande pessoa, tinha uma presença muito potente. A simples aparição dela é um deslumbramento e isso me faz pensar muito em quem ela era por dentro. Coloquei em mim a inspiração que ela me traz”, diz Emanuelle Araújo.

Programe-se

O quê. “Clara Nunes – A Tal Guerreira”

Quando. Nesta sexta-feira (18/7), às 21h; sábado (19/7), às 16h30 e às 21h; e domingo (20/7), às 20h

Onde. Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1.537 – Centro)

Ingressos. disponíveis na bilheteria do teatro e no site Eventim a partir de R$ 130