Um pequeno acidente de trânsito aproxima dois homens de gerações e mundos distintos: o Sr. Green, um judeu ortodoxo, recluso e solitário de 86 anos, e Ross, um jovem executivo de 29. O que começa como uma obrigação judicial se transforma em uma jornada de escuta, revelações e afetos inesperados. Essa é a premissa de “Visitando o Sr. Green”, consagrado texto do dramaturgo norte-americano Jeff Baron, que chega a Belo Horizonte para duas apresentações, neste sábado (26/7) e domingo (27/7), no Grande Teatro do Sesc Palladium.
Com direção de Guilherme Piva e nova tradução de Gustavo Pinheiro, a remontagem marca um reencontro simbólico com sua história no Brasil. Há 25 anos, o espetáculo teve sua primeira versão brasileira, eternizada por Paulo Autran (1922-2007), sob a direção de Elias Andreato. Agora, Andreato assume o papel do Sr. Green e divide o palco com Rainer Cadete, que interpreta Ross e estreia oficialmente na peça durante a temporada em solo mineiro.
Para Andreato, retornar à obra como ator é um mergulho em um capítulo essencial de sua trajetória profissional. “Essa peça tem uma história muito importante na minha trajetória teatral. Foi a primeira vez que dirigi o Paulo Autran. O Paulo, na verdade, me deu a credibilidade como diretor”, relembra com carinho.
A história de 'Visitando o Sr. Green'
Em “Visitando o Sr. Green”, a relação entre os personagens se desenvolve no apartamento carregado de memórias do protagonista, onde antigos traumas vêm à tona e preconceitos, como etarismo e homofobia, são confrontados. Embora o texto seja de 1996, Andreato acredita que ele segue muito atual. “A peça fala de escuta, de acolhimento, de permitir que o outro exista como ele é. O preconceito está mais visível hoje, e a peça convida à reflexão”, ressalta.
“São duas solidões que se encontram: a do Ross e a do Sr. Green”, define Rainer Cadete, que substitui Johnny Massaro (que interpretou Ross na estreia da remontagem) a partir das apresentações de “Visitando o Sr. Green” em BH. “Esse encontro de geração colocado ali também é estrutural da sociedade, em que a gente aprende certas coisas e se prende a elas. É como se fossem gaiolas que você entra dentro, se prende e joga a chave fora. E assim não deixamos o afeto, o amor acontecer”, explica.
Cadete destaca que a peça aborda temas universais com sensibilidade e leveza. “Fala de gerações, de conexão humana. Entre uma risada e uma lágrima, você sai do teatro transformado”, frisa o ator, que atualmente está no ar na novela “Êta Mundo Melhor!”, da Globo.
A narrativa, segundo Andreato, propõe uma reflexão sobre as barreiras que construímos. “Por que o outro te assusta tanto? Você não precisa ser igual a ele. Mas deixa ele ser do jeito que ele quiser ser, não é?”, provoca o ator. Para ele, a mensagem central gira em torno da superação pela conexão humana. “Às vezes, uma história cotidiana pode ser muito mais transformadora do que grandes discursos. O que fica, no fim, é o amor pelo outro”, resume.
Serviço
O que. Espetáculo “Visitando o Sr. Green”, com Elias Andreato e Rainer Cadete
Quando. Sábado (26/7), às 21h; domingo (27/7), às 17h
Onde. Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro)
Quanto. Ingressos entre R$ 25 (Plateia IV, ingresso popular, meia-entrada) e R$ 110 (plateia I, inteira), à venda no Sympla e na bilheteria do teatro