No início dos anos 90, um sedutor representante farmacêutico cruza caminhos com uma artista jovem, forte e diagnosticada com Parkinson — e o que parecia uma comédia romântica superficial se revela um retrato comovente e crítico sobre amor, doença e as falhas da indústria da saúde.

Baseado no livro The Evolution of a Viagra Salesman de Jamie Reidy, o longa dirigido por Edward Zwick estreou em 2010 e conta com Jake Gyllenhaal como Jamie Randall, um vendedor carismático da Pfizer, e Anne Hathaway como Maggie Murdock, uma mulher de 26 anos lidando com o surgimento precoce de Parkinson.

Anne Hathaway entrega uma atuação poderosa, construindo Maggie como uma figura de humor, autonomia e fragilidade, equilibrando o romantismo e o drama com sensibilidade. Já Gyllenhaal representa com nuance o vendedor ambicioso, cuja relação com Maggie o leva a uma jornada de autodescoberta emocional.

A dupla soma força dramática e envolvimento afetivo ao trazer profundidade à narrativa, evitando clichês e oferecendo uma química rara no gênero.

O filme vai além dos limites tradicionais da comédia romântica, lançando olhares ácidos à hipocrisia e ganância da indústria farmacêutica. Ele expõe os bastidores sombrios, onde vendas de produtos — como o emblemático Viagra — configuram um comércio de esperanças. Zwick conduz essa trama com leveza, mas sem perder o peso do drama.

Ainda que comece com cenas leves, cheias de humor sexual explícito, o filme assume gradualmente o impacto emocional da doença, sem recorrer ao melodrama — e sabe quando equilibrar risos e lágrimas. O resultado é uma obra que “renova a fé no amor”, mas que também aponta para as fragilidades humanas. Para alguns críticos, a mudança de tom pode causar um ritmo irregular, mas o saldo final é positivo.

Disponível na Netflix, Amor e Outras Drogas é mais do que um romance: é um convite emocional que equilibra comédia, drama, crítica social e uma história de redenção afetiva. Com atuações consistentes e um roteiro que desafia expectativas, o filme mostra que o amor verdadeiro não cura, mas encontra sentido em meio às imperfeições.

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