O longa dinamarquês Um Homem de Sorte (Lykke-Per), dirigido por Bille August e disponível na Netflix, chama a atenção pela profundidade narrativa e abordagem densa sobre ambição, fé e identidade. Baseado no romance homônimo de Henrik Pontoppidan, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, o filme narra a trajetória de Peter Andreas, um jovem engenheiro que tenta romper com suas origens conservadoras e religiosas em busca de uma nova vida na capital dinamarquesa.

Peter, que passa a se identificar como “Per”, abandona a rígida educação luterana de sua família na Jutlândia e parte para Copenhague com o objetivo de desenvolver um ambicioso projeto de infraestrutura baseado em energia renovável. Ao mesmo tempo em que desafia o legado de seu pai, um pastor inflexível, Per enfrenta os próprios conflitos internos e as barreiras impostas pela sociedade da época. “Seu desejo de romper com a influência do pai e recusar símbolos do cristianismo marcam o início de uma jornada intensa”, define um trecho da sinopse.

O envolvimento amoroso com Jakobe Salomon, integrante de uma família judia influente, também impulsiona tensões religiosas e sociais no enredo. A atuação de Esben Smed no papel principal é marcada pela dualidade: seu personagem transita entre o gênio idealista e o homem frio e egocêntrico. A fotografia e o figurino de época ajudam a compor um retrato visualmente imersivo da Dinamarca do fim do século XIX.

Embora o filme receba elogios por sua construção estética e profundidade temática, algumas críticas apontam o ritmo lento e o excesso de introspecção como desafios para o público mais impaciente. Ainda assim, Um Homem de Sorte se destaca como um drama histórico poderoso que levanta reflexões sobre escolhas pessoais, destino e o preço do progresso.

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