Festival de cinema realizado na região do Pantanal brasileiro, o Bonito CineSur recebe, em sua terceira edição, com início em 25 de julho, a atriz paraguaia Ana Brun, premiada com o Urso de Prata no Festival de Berlim, por "As Herdeiras" (2018). A dedicação ao cinema sul-americano marca presença em toda a programação, com obras que refletem a diversidade estética e temática do continente.
"Desde 'Sete Caixas' , em 2012, o cinema paraguaio vem apresentando filmes que são sucesso em dezenas de festivais internacionais, conseguindo romper as barreiras do mercado hegemônico e penetrar nos circuitos de diversos países. Em 2018, “As Herdeiras” fez história em Berlim, inaugurando a participação do Paraguai em um dos festivais mais prestigiados do mundo", assinala Nilson Rodrigues, criador e diretor do festival.
Rodrigues destaca que Ana Brun entrou para o seleto grupo de atrizes sul-americanas a ganhar o prêmio de melhor atriz na capital alemã, juntando-se às brasileiras Marcélia Cartaxo ("A Hora da Estrela", em 1985), Ana Beatriz Nogueira ("Vera", em 1987) e Fernanda Montenegro ("Central do Brasil", em 1998),a lém da chilena Paulina García, por "Gloria", em 2013. "Não é pouca coisa", analisa.
Para o diretor do festival da cidade de Bonito, em Mato Grosso, "há um progresso constante nas últimas décadas, com alguns retrocessos, como vimos recentemente no Brasil com (Jair) Bolsonaro e agora na Argentina com (Javier) Milei, que atrasam, mas não tem conseguido inviabilizar o nosso desenvolvimento de modo a destruir tudo o que foi feito". Tanto assim que a terceira edição recebeu 900 inscrições.
"Temos tido alguns momentos importantes ao longo das últimas décadas nas cinematografias chilena, uruguaia e colombiana, argentina, paraguaia e brasileira, especialmente, confirmados pelos prêmios que nossos filmes recebem em Cannes, Berlim, Veneza e pela ampliação dos espaços nos mercados mundiais. Isso honra os grandes cineastas que fizeram a história do cinema sul-americano", pondera.
Por cidade ser um importante de ecoturismo, o festival dedica uma mostra à temática ambiental, "onde os temas mais importantes referentes aos grandes desafios da preservação do planeta estão presentes". Uma curiosidade neste campo é a compensação de carbono durante o festival. "Ao final, tudo o que foi emitido será neutralizado por ações compensatórias, combinado com cuidados ambientais e informações educativas".
Desde a primeira edição, o festival ocorre em dois auditórios com capacidade para 260 lugares. Segundo Rodrigues, Bonito já teve sala de cinema nos anos de 1970, que foi fechada, assim como ocorreu com a maioria dos cinemas brasileiros na década de 1980. A ideia da prefeitura, revela, é construir um cinema nos próximos anos, que servirá ao festival e também oferecerá uma programação à população.
Outra novidade deste ano é a feitura de uma placa com dez nomes de animais do Pantanal e dez nomes de importantes artistas do cinema sul-americano que estarão no festival. Essa placa recebe o nome de “Pegadas da memória do cinema sul-americano” e será alimentada a cada edição. Ao lado da pata de um animal, o artista imprimirá a palma de sua mão - a de Ana Brun ficará ao lado da pata de uma onça pintada.