Bruna Vilela, artista mineira oriunda da expoente cena de rock independente de Belo Horizonte, com bagagem já reconhecida enquanto guitarrista e vocalista da banda Miêta e da banda Ginge, se lança para a primeira música solo, experimentando novos caminhos estéticos em meio à herança do indie rock. “Rima da Glote” chega ao mundo em 11 de julho, acompanhada de um videoclipe dirigido pela cineasta Thaylane Cristina, com lançamento pela produtora QUENTE.

Após o fim da banda Miêta, em 2019, Bruna seguiu mergulhada em pesquisas sonoras, além de colaborar com artistas da cena independente como Fernando Motta, Vitor Brauer (Lupe de Lupe), Aldan, Lica Del Picchia e Bê Moura (Cayena), Adhoc Orquestra, Clara Tannure, Polly Terror, entre outros. Agora, ela inaugura sua caminhada solo com uma canção que reúne experimentação sonora e poética, memória e linguagem.

Sobre o novo single

“Rima da Glote” é refinada nos arranjos, misturando rock alternativo/shoegaze com música brasileira e experimentações do jazz fusion, evocando nomes como Diiv, Jeff Buckley, Yussef Dayes, King Krule, Maria Beraldo e Metá Metá.

A letra dialoga com temas centrais à artista - tratando de forma direta do exercício de auto expressão e das complexidades da comunicação artística, pessoal e política. A composição carrega ainda inspirações que ultrapassam a música, indo da poesia de Sylvia Plath e do texto político Audre Lorde.

A “Rima glótica” ou “rima da glote”, tecnicamente, é estrutura anatômica localizada entre as cordas vocais e vira metáfora daquilo que quer se dizer, mas ainda não saiu por inteiro.

A canção é costurada pela instrumentação detalhada sintonizada ao canto da artista, com destaque para o saxofone de Guilherme Pelucci ‘Big’ (Dibigode, Adhoc Orquestra), à bateria de Bê Moura (Cayena, Arthur Mello, Pata) e ao baixo de Fernando Bones (Disciplina, Clara Bicho, Fábio de Carvalho), o qual também assina a mixagem e masterização. A faixa ainda conta com a participação de Marcela Lopes (Miêta, Ginge, Duramadre) nos vocais. 

Ao final, à medida que canta “Era pra ser mais fácil de falar”, a canção tensiona e repuxa, não para solucionar o enigma, mas para verbalizá-lo. O desfecho é de catarse e barulho.

Com direção de fotografia de Marcelo Santiago (QUENTE, ritttual), o clipe amplia ainda mais essa temática, explorando a narrativa experimental com cores quentes, closes e jogos de luz e sombra, com recortes para a boca, as mãos, a barriga e a garganta. A ideia foi inspirada por um média-metragem que a diretora Thaylane fez sobre sua avó.

“Quando nos conhecemos, ela me mostrou esse filme”, conta Bruna. “Pirei na estética e na montagem, e, desde então, queria fazer algo com ela”, explica. A colaboração partiu dessa conexão afetiva e estética — e também do corpo. Um exame médico real das cordas vocais de Bruna, que revelou uma fenda responsável por tornar a voz mais soprosa, foi incorporado às imagens do clipe. “A música é meio sobre isso também”, explica ela. 

O vídeo foi produzido de forma colaborativa, reunindo artistas da cena — um viés afetivo que, inclusive, é marca da produção independente na capital mineira. Natália Aquino ficou responsável pelo figurino; Bárbara Schall cuidou do cenário, com placas suspensas que remetem à instalação de Hélio Oiticica no Museu do Inhotim; enquanto Karolina Bicalho cuidou da edição e montagem. Vale considerar que toda a equipe é formada por mulheres, pessoas negras ou LGBTQIAP+.

O produto final, realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, através do Edital de Apoio a Produções Audiovisuais Mineiras e da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, propõe um olhar íntimo e visceral, com um “zoom não-publicitário”, como define Bruna. Um convite a enxergar e escutar o que normalmente se esconde - mas vibra e pulsa.