Entre os títulos brasileiros disponíveis na Netflix, Desculpe o Transtorno se apresenta como uma comédia romântica que vai além do humor leve e propõe uma reflexão sobre identidade e escolhas pessoais. Dirigido por Tomas Portella e estrelado por Gregório Duvivier e Clarice Falcão, o filme parte de uma premissa simples, mas carrega camadas de crítica social e questionamento interno, que se revelam ao longo da narrativa.
O enredo acompanha Eduardo, um jovem que leva uma vida estável, de rotina bem definida, ao lado da noiva vivida por Dani Calabresa. Contudo, em meio a esse cotidiano previsível, surge a figura de Duca, um alter ego mais livre, impulsivo e inconsequente, que representa tudo aquilo que Eduardo tenta reprimir. A partir dessa dualidade, o longa explora os dilemas de um homem dividido entre a segurança do que já construiu e o desejo de viver de forma mais autêntica, mesmo que isso implique riscos e rupturas.
Com humor ácido e situações inusitadas, a produção utiliza o riso como ferramenta para discutir temas como repressão de desejos, pressões sociais e o peso das expectativas externas. A construção dos personagens dá espaço para reflexões sobre como cada um, em maior ou menor grau, cria versões diferentes de si mesmo para se adaptar a ambientes distintos, sejam eles familiares, profissionais ou afetivos.
Mais do que uma comédia romântica, Desculpe o Transtorno se apresenta como um retrato das contradições contemporâneas. Ao mesmo tempo em que diverte, a obra provoca o espectador a refletir sobre sua própria vida e sobre quantas vezes é necessário escolher entre agradar aos outros ou ser fiel a si mesmo. A leveza do filme não esconde sua mensagem central: viver em paz com a própria identidade pode ser mais desafiador do que se imagina.
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