8 ½ Festa do Cinema Italiano volta a BH e homenageia Ennio Morricone

A história do cinema pode, em boa medida, ser contada por meio das trilhas criadas pelo compositor, maestro e arranjador Ennio Morricone, morto em julho de 2020 aos 91 anos. A música de Morricone atravessa a sétima arte nas últimas seis décadas. Ela está em “Três Homens em Conflito” e “Por Um Punhado de Dólares”, clássicos do chamado “spaghetti western” dirigidos por Sergio Leone, “Cinema Paradiso”, de Giuseppe Tornatore, “Era Uma Vez na América”, outra pérola de Leone, e “Os Intocáveis”, de Brian de Palma, só para citar alguns filmes que tiveram suas trilhas assinadas pelo premiado compositor.

Ennio Morricone é figura homenageada da 9ª edição da 8 ½ Festa do Cinema Italiano, que acontece em Belo Horizonte (detalhes no fim da matéria), no UNA Cine Belas Artes, desta quinta-feira (28) até a próxima quarta-feira (3). Durante uma semana, serão exibidos 12 filmes do “país da bota”, nove em pré-estreia nacional. São longas que rodaram os principais festivais internacionais e foram sucessos de bilheteria na Itália. N terça (26), o Belas Artes recebeu a pré-estreia de “Ennio, O Maestro”, documentário de Tornatore lançado em fevereiro. Marco Morricone, filho do homenageado, participou de um bate-papo online sobre o filme.

Curador e diretor da mostra há 15 anos, desde que o evento surgiu em Lisboa, Stefano Savio, ao assistir o filme há um par de meses, não teve dúvidas de que a a produção deveria abrir esta edição da mostra, que volta ao formato presencial após dois anos limitada ao universo online em função da pandemia.

“Percebi que era um título muito interessante para nossa seleção. Do meu ponto de vista, é um filme que dá ao público uma chance de regresso ao mundo do cinema. É um filme sobre a música no cinema, sobre o gênio que era Morricone, mas também cruza muito bem a história do cinema italiano e mundial. Achamos que era um ótimo início: histórico, representativo e que verdadeiramente enche os corações”, comenta Savio.

 

 

 

 

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“Ennio, o Maestro” repassa a trajetória do compositor desde a infância até a vida adulta, passando pelos anos de conservatório e, claro, por seus grandes filmes e prêmios: são seis indicações ao Oscar e dois prêmios, um honorário pela carreira em 2007 e outro pela trilha sonora de “Os Oito Odiados”, de Quentin Tarantino, em 2016.

Diversidade

Todos os filmes da programação foram lançados nos últimos três anos e isso traz o frescor das novas realizações italianas. A única exceção fica por conta de “Mamma Roma” (1962), obra neorrealista de Pier Paolo Pasolini (1922-1975). No ano de seu centenário, a 8 ½ Festa do Cinema Italiano também presta tributo ao diretor e poeta.

A Festa do Cinema Italiano percorre gêneros e estéticas diversas. Para Stefano Savio, a marca do festival é a permanente busca por uma linha editorial que preza pela qualidade de produção. Outro aspecto que o curador sublinha é que o evento faz questão de mostrar um cinema italiano que seja para todos, não apenas para um público restrito.

“É um cinema que fala para um público amplo, de uma maneira muito direta; fala da sociedade italiana, mas também de problemas que acontecem em todo o mundo, de maneira descontraída, poética. O cinema italiano tenta colocar-se no mesmo nível do espectador, e esse é um lado positivo”, pondera o diretor.

Quatro destaques

Além de “Ennio, O Maestro” e “Mamma Roma”, Stefano Savio pinça quatro outros destaques da programação. Ele começa por “Mulheres Rebeldes” (“Una Femmina”, no original), de Francesco Costabile: “Foi exibido no Festival de Cinema de Berlim neste ano. Um grande drama, um filme de mulheres em contextos peculiares das máfias do Sul da Itália. Emotivo, um retrato social”. “Il Buco”, dirigido por Michelangelo Frammartino, é classificado por Savio como uma “uma experiência visual e sensorial, uma experiência única”.

 

 

 

 

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“Ganhou o prêmio do júri no Festival de Veneza deste ano. É preciso ir a uma sala de cinema para ver este filme. É como se entrássemos numa gruta, silêncio total, sozinhos com nós mesmos, como se fosse um regresso a uma pré-natalidade”, ele acrescenta.

Por fim, o curador da 8 ½ Festa do Cinema Italiano escolhe dois documentários sobre os artistas Leonardo Da Vinci e Tintoretto: “Eu, Leonardo”, de Jesus Garces Lambert, e “Tintoretto: Um Rebelde em Veneza”, do diretor Giuseppe Domingo Romano. “São documentários sobre grandes autores italianos e importantes para divulgar conteúdos de ambos de uma forma mais ampla. Espero que sejam motivadores para espalhar a cultura italiana nas cidades da mostra”, finaliza Stefano Savio.

Programe-se

A 8 ½ Festa do Cinema Italiano começa nesta quinta-feira (28) no UNA Cine Belas Artes (rua Gonçalves Dias, 1.581 - Lourdes) e, até a próxima quarta-feira (3), exibe 12 filmes. Os ingressos - R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada) - podem ser adquiridos nas bilheterias do cinema ou pelos sites itaucinemas.com.br e festadocinemaitaliano.com.br. No site oficial do festival, o público também confere a programação completa com horários e sinopses dos longas.